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Tractores de Portugal deixam BCP apeado com oito milhões

Faliu o grupo Tractores de Portugal, após 69 anos de vida como importador da marca Massey Ferguson. Controlado pela família Lobo de Vasconcelos, deixou dívidas de 9,8 milhões de euros. O BCP é credor de 83% do total.

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A Tractores de Portugal apresentou-se à insolvência sem sequer arriscar a apresentação de um plano de recuperação.
22 de Janeiro de 2017 às 22:00
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Almeirim, 26 de Outubro de 2012. Na Quinta do Casal Branco, propriedade da família Lobo de Vasconcelos, realizou-se uma grande festa de celebração dos 65 anos do grupo Tractores de Portugal e da sua parceria com a Massey Ferguson. Foi em 1947 que os irmãos Lobo de Vasconcelos trouxeram a representação desta marca de tractores para Portugal, da qual era um dos seus importadores mais antigos do mundo.

Apesar do ambiente festivo, que contou com a presença de dois vice-presidentes da norte-americana AGCO, detentora da Massey Ferguson, os discursos não branquearam as nuvens negras que trespassavam Portugal. O mercado de tractores fechou esse ano com cerca de quatro mil unidades vendidas, um dos valores mais baixos desde 1975. Mas acreditava-se na inversão da situação.

Mas foi então que o grupo começou a afundar-se. Acumulou resultados negativos substanciais nos anos seguintes. Desde 2013 que realizou três operações de redução do capital social para cobertura de prejuízos, passando de 2,3 milhões de euros para praticamente zero.


Falência após 69 anos de vida

Setembro de 2016: financeiramente exaurida e com um passivo de 9,8 milhões de euros, a Coordenação Societária, "holding" do grupo comercialmente designado como Tractores de Portugal, vê-se "impossibilitada de cumprir as suas obrigações vencidas por falta de liquidez", pára de laborar e apresenta-se à insolvência.

Para este desfecho, alega que, "nos últimos anos, assistiu-se a uma profunda redução do mercado de venda de tractores em Portugal, sendo de notar que, entre 2003 e 2015, este sofreu um decréscimo de 48%".

No relatório do gestor judicial, a administração da insolvente alega ainda que a gama de modelos de tractores vendidos pelo grupo "apresenta margens de comercialização muito baixas, o que, num ambiente fortemente concorrencial, não permite suportar os custos de estrutura, tão pouco libertar dividendos para o accionista".

Frustradas as expectavas de apresentação de um plano de recuperação do grupo, os credores aprovaram a proposta do administrador de insolvência: siga para liquidação.

A falência do grupo Tractores de Portugal deixou um rasto de 9,8 milhões de euros de dívidas, dos quais o BCP reclama 8,2 milhões, ou seja, 83% do total de créditos reconhecidos. Os 33 trabalhadores que ficaram sem o seu posto de emprego têm a haver um total de 765 mil euros. 

No final do ano passado, aquando da decisão de liquidação do grupo, os activos identificados eram de valor residual. À data, faltava ainda elaborar o inventário da Socindus Dois, uma das sociedades insolventes que estava "pendurada" na Coordenação Societária.

O Negócios tentou, via Quinta do Casal Branco, contactar José Lobo de Vasconcelos, administrador do grupo. Sem sucesso.

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