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Tractores de Portugal deixam BCP apeado com oito milhões
Faliu o grupo Tractores de Portugal, após 69 anos de vida como importador da marca Massey Ferguson. Controlado pela família Lobo de Vasconcelos, deixou dívidas de 9,8 milhões de euros. O BCP é credor de 83% do total.
Almeirim, 26 de Outubro de 2012. Na Quinta do Casal Branco, propriedade da família Lobo de Vasconcelos, realizou-se uma grande festa de celebração dos 65 anos do grupo Tractores de Portugal e da sua parceria com a Massey Ferguson. Foi em 1947 que os irmãos Lobo de Vasconcelos trouxeram a representação desta marca de tractores para Portugal, da qual era um dos seus importadores mais antigos do mundo.
Apesar do ambiente festivo, que contou com a presença de dois vice-presidentes da norte-americana AGCO, detentora da Massey Ferguson, os discursos não branquearam as nuvens negras que trespassavam Portugal. O mercado de tractores fechou esse ano com cerca de quatro mil unidades vendidas, um dos valores mais baixos desde 1975. Mas acreditava-se na inversão da situação.
Falência após 69 anos de vida
Setembro de 2016: financeiramente exaurida e com um passivo de 9,8 milhões de euros, a Coordenação Societária, "holding" do grupo comercialmente designado como Tractores de Portugal, vê-se "impossibilitada de cumprir as suas obrigações vencidas por falta de liquidez", pára de laborar e apresenta-se à insolvência.
Para este desfecho, alega que, "nos últimos anos, assistiu-se a uma profunda redução do mercado de venda de tractores em Portugal, sendo de notar que, entre 2003 e 2015, este sofreu um decréscimo de 48%".
Frustradas as expectavas de apresentação de um plano de recuperação do grupo, os credores aprovaram a proposta do administrador de insolvência: siga para liquidação.
A falência do grupo Tractores de Portugal deixou um rasto de 9,8 milhões de euros de dívidas, dos quais o BCP reclama 8,2 milhões, ou seja, 83% do total de créditos reconhecidos. Os 33 trabalhadores que ficaram sem o seu posto de emprego têm a haver um total de 765 mil euros.
No final do ano passado, aquando da decisão de liquidação do grupo, os activos identificados eram de valor residual. À data, faltava ainda elaborar o inventário da Socindus Dois, uma das sociedades insolventes que estava "pendurada" na Coordenação Societária.
O Negócios tentou, via Quinta do Casal Branco, contactar José Lobo de Vasconcelos, administrador do grupo. Sem sucesso.