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Trabalhadores do Pingo Doce de Braga em greve contra "discriminação salarial"

Os trabalhadores do Pingo Doce de Braga estão hoje a cumprir um dia de greve contra a "discriminação salarial, repressão e assédio" que dizem ser alvo por parte da administração daquela cadeia de hipermercados.

O grupo Jerónimo Martins, que detém a cadeia Pingo Doce e é presidido por Pedro Soares dos Santos, Miguel Baltazar/Negócios
01 de Julho de 2017 às 16:50
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A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) Ana Rodrigues explicou à Lusa que os trabalhadores do Pingo Doce de Braga, que se concentraram nesta manhã de 1 de Julho em frente à "loja mãe" da cadeia de hipermercados da Jerónimo Martins, que aquela insígnia "tem por norma" distinguir os trabalhadores entre "um grupo de elite" que é aumentado e que os restantes não o são.

 

Contactado pela Lusa, o grupo, através de fonte oficial e por mensagem de correio electrónico, garantiu que "não criou qualquer restrição" a que os seus colaboradores exercessem o direito à greve, adiantando que aquele foi exercido por 2,5% de um universo de 360 colaboradores e salientou o "empenho" em melhorar "a política global de compensação" dos trabalhadores do grupo anualmente.

 

"O grupinho de elite foi aumentado, o resto dos trabalhadores não foi e ninguém explicou porquê. Há repressão, há assédio, cargas horárias que mudam com frequência, sem aviso prévio, sem sequer consulta das estruturas sindicais", enumerou a sindicalista.

 

O protesto, além dos trabalhadores da loja do Braga Parque do Pingo Doce, que assinalou 29 anos de existência em Junho, estendeu-se à loja de Vila Verde, que tem problemas específicos.

 

"Em Vila Verde há a agravante que os trabalhadores a partir das 21:30 trabalham à média luz, trabalham sem ver. Já questionamos os recursos humanos sobre isto mas não dão resposta", explicou.

 

Questionada sobre os números de adesão à greve, Ana Rodrigues não adiantou nenhuma percentagem: "Não conseguimos ter um número concreto, mas tendo em conta que três dias antes os trabalhadores foram chamados às chefias e foram feitas ameaças, vamos chamar assim, tivemos uma boa adesão", apontou.

 

À Lusa, os trabalhadores, que pediram para não ser identificados por receio de represálias, referiram que se sentem "injustiçados e até gozados" quando lhes é dito que não são aumentados "porque não dá" e "depois as chefias recebem carros novos, telemóveis novos e cartões de combustível sem tecto".

 

"Alguns de nós trabalham aqui desde que isto abriu e ganhamos pouco mais do que o ordenado mínimo e vemos os gerentes que já ganham muito, mas muito, muito mais do que nós a serem aumentados e nós não", referiu uma trabalhadora.

 

Questionados sobre o facto de apenas cerca de 30 estarem ali concentrados, a resposta foi rápida: "Os que estão lá dentro estão por medo. Eles chamaram-nos e intimidaram-nos. A outros deram ofertas de cartões com 150 euros. É o que fazem sempre. Mas nós temos que ir para a frente com a luta ou não saímos disto", justificaram.

 

Na mensagem à Lusa, a já referida fonte avança com uma explicação para a alteração de horário: "o negócio da Distribuição Alimentar, em que o Pingo Doce se insere, é muito exigente (...). Esta realidade - aliada ao absentismo e ao facto de existirem, ao longo do dia, momentos de maior afluência dos clientes às lojas - obriga a uma gestão dinâmica e flexível dos horários de trabalho, nos termos da lei", lê-se.

 

O Pingo Doce garante ainda que se rege "por princípios firmes de respeito pelos direitos dos seus Colaboradores" e que "está empenhado em, consistente e continuamente, melhorar a política global de compensação dos seus colaboradores através de revisões salariais anuais, aumentos por mérito, um prémio anual extraordinário que só em 2016 representou um investimento total de mais de 8 milhões de euros, e um sistema de remuneração variável mensal que acresce ao salário individual do colaborador".

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