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"Think tank" Negócios/banco popular: Há qualificações, agora é captar centros
O sector automóvel acredita que Portugal podia ter um papel mais relevante na indústria automóvel, nomeadamente ao nível dos centros de competências dos fabricantes e fornecedores.
A empregabilidade do curso é, diz Nuno Martinho, coordenador da licenciatura de Leiria, "total". Garante mesmo que "não formamos estudantes suficientes para o número de pedidos que temos. Há um défice grande de pessoas formadas nesta área no país."
A criação de um "cluster" do sector automóvel, que está a ser desenvolvida, pode contribuir para reforçar essa ligação, acredita-se ao redor da mesa que juntou ensino, indústria, fornecedores e comércio automóvel. "A principal vantagem é claramente a de aproximação do conhecimento à indústria e o 'cluster' é um veículo para promover esta aproximação", salienta o mesmo responsável que, no entanto, lamenta que Portugal não esteja a conseguir trazer centros de competência, nomeadamente ao nível do projecto industrial para o país. Mesmo quando os construtores estão cá, o que fazem é montar carros, não fazem qualquer componente do projecto.
Nuno Martinho lamenta não haver o domínio de todo o processo. "Aí sim a mais-valia estaria cá." De outra maneira, o conhecimento que existe em Portugal acaba por sair para o exterior. "Os estudantes acabam a trabalhar na Europa."
Adolfo Silva, director da AFIA, junta-se ao coro de lamentos por não haver mais centros tecnológicos e de competência automóvel dos construtores em Portugal. E acaba por dizer que o país não se vende bem. Até ao nível de captação de investimento dos construtores. "Devíamos ter mais investimento estrangeiro e de qualidade. Estamos a fazer um mau trabalho de venda do país." Adolfo Silva acredita que "estamos a esquecer-nos de ir lá fora dizer que existimos e que temos excelentes condições". E agora que a indústria está numa mudança de paradigma, há que aproveitá-lo.
O que afecta e impulsiona o automóvel?
As vendas de automóveis aumentaram em 2016. Mas ainda estão longe dos anos áureos. Portugal tem, por outro lado, tradição na produção automóvel. Mas há desafios e oportunidades.
Forças
Qualificação profissional
Portugal tem boa qualificação nestas áreas ligadas ao automóvel, nomeadamente nas engenharias.
Tradição e peso na economia
A indústria automóvel está há muitos anos em Portugal e com peso.
Muitos fornecedores
Também há muitos fornecedores de componentes que ajudam a indústria.
Fraquezas
Relação duradoura, mas demorada
Fornecedores demoram muito tempo a estabelecer relação com fabricantes.
Mobilidade pode limitar vendas
Jovens privilegiam a mobilidade, pelo que preferem a partilha à detenção.
Longe dos fabricantes e concorrência
Portugal está longe de onde estão fabricantes. E há concorrência nova.
Ameaças
Concorrentes vendem-se melhor
Espanha é agressiva na captação de investimento. E há mais concorrentes.
Carga fiscal e custos de energia
O sector queixa-se dos impostos que recaem sobre o automóvel. E dos elevados preços da electricidade.
Legislação laboral
Não está adaptada ao sector.
Oportunidades
Qualificação profissional
Portugal devia tentar conquistar mais centros de competência.
Componentes relevantes
A indústria de componentes tem "know how" e capacidade de fornecimento.
Novos conceitos
Novas formas de mobilidade e desafios tecnológicos são oportunidades.
Parque automóvel envelhecido