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Teixeira Duarte passa de lucros a perdas nos primeiros nove meses
A empresa liderada por Pedro Teixeira Duarte passou de lucros a prejuízos entre janeiro e setembro, com a pandemia e as desvalorizações do kwanza e do real a penalizarem.
A Teixeira Duarte registou nos primeiros nove meses do ano um resultado líquido negativo de 3,14 milhões de euros, contra lucros de 20,05 milhões de euros no período homólogo de 2019.
Já os proveitos operacionais recuaram 29,2% no mesmo período, para 540,2 milhões de euros, "em resultado da retração da economia, afetada pela situação de pandemia covid-19, bem como pela desvalorização do kwanza angolano e do real brasileiro", refere o grupo no seu comunicado das contas divulgado junto da CMVM.
"Sem o efeito da desvalorização das moedas com que o grupo opera, a redução de atividade teria sido de 16,6%", acrescenta a empresa liderada por Pedro Teixeira Duarte (na foto).
Em Portugal, a atividade do grupo caiu 7,2%, para 207,6 milhões de euros, "sendo relevante destacar que o crescimento de 14,6% no setor imobiliário não foi suficiente para compensar as quebras nos setores da construção e da hotelaria, respetivamente de 9,7% e de 68,1%, neste último caso fortemente penalizada pela situação de pandemia covid-19", destaca o relatório.
O volume de negócios atingiu 459,11 milhões de euros, menos 29,6% face ao final de setembro de 2019. Em Portugal registou-se uma diminuição de 10,7% face aos primeiros nove meses de 2019, enquanto os outros mercados diminuíram globalmente 35,8%.
"Neste contexto, os mercados externos, que representaram 75,4% deste indicador nos primeiros nove meses do ano passado, passaram a representar 68,8% do total do volume de negócios" do grupo entre janeiro e setembro deste ano.
Por setores de atividade, o volume de negócios na construção caiu 35,8% face ao período homólogo, para 139,8 milhões, tendo a descida no mercado doméstico sido de 10%.
Na área das concessões e serviços, recuou 16,5%. Em Portugal, o decréscimo foi de 11,7% e nos restantes mercados, na sua globalidade, foi de 18,9% face aos mesmos meses do ano passado.
Já no setor da imobiliária, o grupo aumentou o volume de negócios em 26,96 milhões de euros, ao passo que na hotelaria houve uma diminuição de 32,9% (em Portugal foi de 68,7%).
A hotelaria "está a sofrer um maior impacto com a situação atual de pandemia e das medidas de contingência e de prevenção para mitigação e contenção do risco de saúde pública, bem como com a desvalorização do kwanza – que não tem permitido relevar em euros a resiliência da atuação das empresas do grupo neste setor em Angola", refere a Teixeira Duarte no seu comunicado das contas.
No setor da distribuição, as empresas do grupo tiveram uma diminuição de 42% no seu volume de negócios, e no automóvel deu-se uma queda de 56,1%.
Os resultados financeiros foram negativos em 30,9 milhões de euros, melhorando face aos registados nos primeiros nove meses de 2019, quando foram negativos em 63,1 milhões. Uma melhoria que é justificada essencialmente com a redução das responsabilidades em divisas operada pelas entidades do grupo em Angola.
O EBITDA ascendeu a 70,2 milhões de euros, menos 52% do que no período homólogo do ano passado (146,2 milhões).
A Teixeira Duarte, que refere ainda ter aderido a moratórias, chegou ao final de setembro com uma dívida financeira de 717,6 milhões de euros, uma redução de 416 mil euros.