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Sonae regista prejuízos de 24 milhões de euros até setembro

O grupo Sonae fechou os primeiros nove meses do ano com prejuízos de 24 milhões de euros. No terceiro trimestre, o grupo liderado por Cláudia Azevedo registou lucros de 51 milhões.

Paulo Duarte
11 de Novembro de 2020 às 20:51
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A Sonae registou prejuízos de 24 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020, revelou esta quarta-feira o grupo liderado por Cláudia Azevedo, numa nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Até setembro, o volume de negócios aumentou 5,9%, para 4.908 milhões de euros. O EBITDA subjacente subiu 0,3% para 406 milhões de euros, "apesar da desconsolidação de dois centros comerciais core no primeiro trimestre e do impacto negativo do período de confinamento" no segundo.

Os resultados foram impactados "pelo total de contingências contabilísticas registadas no primeiro trimestre e pela redução da valorização do portefólio da Sonae Sierra no segundo trimestre, ambas diretamente relacionadas com a Covid-19", explica o grupo em comunicado.

 

No mesmo contexto, as vendas online duplicaram nos primeiros nove meses face ao período homólogo, representando mais de um terço do crescimento total das vendas do grupo.

No que toca apenas ao terceiro trimestre, o grupo registou uma subida ligeira dos lucros, de 1,6%, para 51 milhões de euros. O volume de negócios cresceu 5,9% para 1.773 milhões de euros, tendo sido "suportado pelo forte contributo da Sonae MC e da Worten". O grupo destaca até que, entre julho e setembro, o aumento do volume de negócios "mais do que compensou os valores mais baixos registados no segundo trimestre devido ao confinamento". O EBITDA subjacente aumentou 8,6% neste período para 177 milhões de euros. 

O grupo reporta ainda "um valor significativo de não recorrentes relativos à atividade de gestão do portefólio da Sonae IM", que nos primeiros nove meses ascenderam a oito milhões de euros. Já o Resultado Indireto, negativo em 76 milhões até setembro, "foi uma vez mais impactado sobretudo pelas reavaliações de ativos da Sonae Sierra como resultado da pandemia".

Citada na mesma nota, a CEO do grupo reconhece que "após um segundo trimestre difícil, marcado por fortes medidas de confinamento, o terceiro trimestre foi ainda um período com muitas restrições que impactaram" o dia-a-dia da Sonae. A pandemia teve "efeitos significativos", nos vários negócios do grupo, "como mudanças nos padrões de consumo, redução do turismo e restrições de convivência". 


Nos últimos 12 meses, a Sonae reduziu a dívida líquida em 287 milhões de euros, uma evolução "impulsionada pelo forte perfil de geração de cash dos negócios da Sonae, mesmo em contexto de pandemia, e também pelas operações de gestão do portefólio". Desde o final de 2019, a Sonae refinanciou mais de 650 milhões de euros em empréstimos de longo prazo. O grupo ressalva ainda que "todas as empresas do portefólio continuaram a apresentar balanços conservadores e sólidos".

No terceiro trimestre, e apesar do contexto adverso, os investimentos das empresas da Sonae ascenderam a 376 milhões de euros, mais 36,5% face ao período homólogo, em resultado, não só, da expansão das operações, como também das aquisições dos restantes 50% da Salsa e de 7,38% do capital na NOS.

Covid obrigou a gastos de 20 milhões 

Nos primeiros nove meses de 2020, a Sonae MC, dona dos supermercados Continente, registou um volume de negócios de 3,8 mil milhões de euros, o que se traduz numa subida de 10% face ao homólogo. As vendas comparáveis subiram 7%, "beneficiando sobretudo dos efeitos de açambarcamento que se verificaram no início do período e da redução do consumo fora de casa durante o período de confinamento". No terceiro trimestre, a subida das vendas foi de 7,8%, face ao mesmo período do ano anterior, e de 4,8% em termos comparáveis, uma vez que o verão foi "mais fraco", levando os níveis de crescimento a regressar valores "mais normais". 

O grupo refere que a evolução da dona do Continente deve-se ao "desempenho robusto tanto dos hipermercados como dos supermercados, bem como pelo comportamento sem precedentes do negócio online, que é líder e já regista uma taxa de crescimento anual elevada de dois dígitos".

Até setembro, a Sonae MC resgirou cerca de 20 milhões de euros de custos relacionados com a covid-19. Ainda assim, o EBITDA subjacente aumentou para 374 milhões, "traduzindo um crescimento de dois dígitos e sendo capaz de atingir uma margem estável de 9,9%, uma vez que os custos diretos incrementais relacionados com a Covid-19 foram mais do que compensados pela contribuição do aumento do volume de vendas e por melhorias operacionais implementadas no mesmo período", refere o grupo.

Já o "forte contributo" da Worten para as contas traduziu-se num aumento de negócios de 4,3% para os 775 milhões de euros entre janeiro e setembro. No terceiro trimestre o crescimento das vendas foi de 8,5%, com o online a mais do que duplicar.


Segundo a mensagem da CEO, Cláudia Azevedo, a Worten atingiu "pela primeira vez uma quota de mercado online superior à offline". As vendas das lojas "mostraram resiliência", destaca a Sonae, "uma vez que, apesar de alguma pressão observada no número de visitantes, a conversão e o ticket médio apresentaram melhorias". Os segmentos de Tecnologias de Informação e pequenos eletrodomésticos impulsionaram o crescimento das vendas.

Em Espanha, "a Worten continua a implementar o seu plano para atingir uma rentabilidade positiva no curto prazo", tendo encerrado três lojas que registaram prejuízos. 

Receitas com rendas afundam 40%

Por sua vez, a Sonae Fashion, que no trimestre anterior foi a empresa mais afetada pela pandemia, devido ao encerramento de lojas, não escapou a um terceiro trimestre "muito desafiante, limitado pela evolução da pandemia e pela deterioração das condições macroeconómicas". Nos primeiros nove meses de 2020, o volume de negócios da dona da Zippy e da MO recuou 16,6% para 232 milhões de euros. Entre junho e setembro, a quebra do volume de negócios foi de 3%. Também aqui, o online mais do que duplicou face ao ano passado. 

A Sonae Sierra, a gestora de centros comerciais do grupo, registou prejuízos de 20 milhões de euros entre janeiro e setembro. O terceiro trimestre registou "tendências operacionais positivas", embora "ainda abaixo dos níveis pré-pandémicos".

As vendas em setembro ficaram 14% abaixo dos níveis de 2019, enquanto o número de visitantes ficou 22% aquém do ano passado. Itália e Espanha registaram os desempenhos mais fortes do portefólio do grupo. Em Portugal, os resultados negativos refletiram "o impacto da lei de arrendamento", que isenta os lojistas do pagamento da componente fixa da renda até ao fim do ano. Esta medida, e os descontos acordados com lojistas nas restantes geografias, foram "o principal impulsionador da redução de 40% das receitas de rendas desde o início do ano".

Face ao ambiente de incerteza no mercado, a Sonae Sierra fez avaliações externas aos seus ativos europeus em setembro, que resultou num impacto negativo de 9 milhões de euros, devido à pandemia. 

No que toca a perspetivas para os próximos meses, Cláudia Azevedo reconhece que, face ao aumento de casos de covid-19 e à adoção de "restrições mais severas, incluindo novos confinamentos em alguns países", a nova vaga da pandemia "irá certamente voltar a testar" o grupo. "Mas, tendo enfrentado a primeira vaga como o fizemos, e dado o atual nível de preparação das nossas equipas, estou certa de que os nossos negócios serão capazes de continuar a satisfazer as necessidades dos nossos clientes e que a Sonae continuará a criar valor para todos os seus stakeholders", conclui a CEO. 

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