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Só 18% das empresas considera fácil inovar em Portugal

As empresas portuguesas são as que mais recorrem à banca para financiar a investigação e desenvolvimento, para a qual consideram mais úteis incentivos a fundo perdido e empréstimos reembolsáveis do que instrumentos fiscais.

Bruno Simão/Negócios
20 de Novembro de 2014 às 00:01
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Portugal é um dos países mais pessimistas relativamente às condições propícias da economia local para a inovação. Apenas 18% dos gestores portugueses que participaram no 9.º barómetro internacional do financiamento da inovação, que será apresentado em Lisboa esta quinta-feira, 19 de Novembro, acreditam na facilidade de inovar no País, o que compara com a média global de 26%.

 

Ainda assim, a percentagem (92%) das empresas portuguesas que se consideram competitivas é igual à que resultou do inquérito às congéneres alemães, ficando acima da média internacional de 83%. Aliás, entre dez nacionalidades participantes, a percepção da competitividade só é mais elevada na Hungria e na República Checa. No que toca à inovação, o cenário é semelhante: 77% das empresas portuguesas consideram-se inovadoras.

 

Mas o que é ser inovador, na perspectiva dos gestores? Para os portugueses é repensar continuadamente a sua organização e processos (61%); investir em I&D – Investigação e Desenvolvimento (53%); e valorizar a criatividade no trabalho (44%). Em termos comparativos, esta última característica é mais valorizada pelas empresas portuguesas do que pelo conjunto dos inquiridos, em que se fica pelos 32%. Por outro lado, "criar uma ruptura no mercado ou criar um novo mercado", que é o segundo aspecto mais apontado a nível internacional, é citado por apenas 26% das participantes nacionais.

 

"Quando questionadas sobre o âmbito em que se realiza a inovação, 95% das empresas portuguesas e internacionais dizem investir em inovações científicas e técnicas/produtos e serviços/procedimentos e processos, 50% das empresas portuguesas dizem investir para evoluir usos e comportamentos dos consumidores (inovações sociais) enquanto que 81% investem em alterações no modelo de negócios e inovação organizacional, face a 43% e 74%, respectivamente, a nível internacional", lê-se no estudo realizado pela consultora Alma CG, que inclui 1.583 empresas inovadoras de dez países, das quais 172 são portuguesas.

 

80% pedem "ajuda externa" para gerir incentivos fiscais

 

As conclusões deste barómetro serão apresentadas durante o Dia da Inovação, promovido pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) no Centro de Congressos de Lisboa, em que intervirá também o economista norte-americano Robert Atkinson, presidente da Fundação para Inovação e Tecnologia da Informação, um ‘think tank’ com sede em Washington, focado em políticas globais de inovação.

 

No que toca aos meios de financiamento, o estudo mostra que as empresas portuguesas são as que mais recorrem à banca para financiar a I&D – 55% vs. 42% a nível global. Já a maior tendência da edição anterior do estudo mantém-se: 86% das firmas nacionais recorre a capitais próprios, contra 78% no conjunto das respostas em França, Reino Unido, Bélgica, Canadá, Alemanha, Hungria, Portugal, Espanha, Polónia e Republica Checa.

 

Quanto aos impactos dos mecanismos de apoio, o estudo assinala ainda que Portugal apresenta "fortes disparidades" face aos restantes países. Os incentivos a fundo perdido e os empréstimos reembolsáveis nacionais e internacionais são percepcionados como mais úteis para manter as actividades de I&D, aumentar o número de efectivos nessa área, melhorar a competitividade das empresa e as suas competências técnicas e tecnológicas. Em contraste, a nível global os incentivos fiscais à I&D são apontados como aqueles que têm maior impacto.

 

Esse é um instrumento bastante menos utilizado pelos portugueses (44%), face às restantes nacionalidades (59%) e as diferenças sentem-se igualmente na forma como as empresas inquiridas trabalham esses incentivos fiscais, sendo que apenas um em cada cinco gere internamente o incentivo à I&D. Quatro em cada cinco gestores nacionais precisam de "ajuda externa". É requisitada sobretudo a consultores especializados (73%), a larga distância do auditor (5%), do revisor oficial de contas (3%) e do especialista em direito fiscal (2%).

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