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Resultados da Jerónimo Martins decepcionam analistas
Apesar de o resultado líquido apresentado pela Jerónimo Martins ter ficado em linha com o previsto pelos analistas, os números do EBITDA ficaram aquém do esperado devido à margem da área industrial que foi mais reduzida do que o estimado, consideram o BPI
Apesar de o resultado líquido apresentado pela Jerónimo Martins ter ficado em linha com o previsto pelos analistas, os números do EBITDA ficaram aquém do esperado devido à margem da área industrial que foi mais reduzida do que o estimado, consideram o BPI, o Espírito Santo Research (ESR) e o Millennium Investment Banking.
A retalhista apresentou ontem os resultados de 2007, tendo anunciado um aumento nos lucros de 13% para 131,3 milhões de euros, o que compara com as estimativas dos analistas contactados pelo Jornal de Negócios que estimavam que os lucros da empresa tivessem aumentado 13,5% para uma média de 131,86 milhões de euros.
O EBITDA, ou "cash flow" operacional, registou uma subida de 10,2%, para 351,4 milhões de euros, sendo que as vendas, cujos dados preliminares tinham sido já anunciados no início do ano, foram confirmadas nos 5,3 mil milhões de euros, novo recorde anual do grupo e um aumento de 21,4% face ao mesmo período de 2006.
"O EBITDA do trimestre veio 10,5% abaixo das nossas estimativas", refere Luís Colaço, analista do Millennium IB, que acrescenta que esta discrepância "é explicada pala área industrial que terminou o ano com uma margem de 14,1% quando esperávamos 17,7%". A penalizar a margem esteve, sobretudo, o aumento do preço de algumas matérias-primas. A mesma fonte sublinha que as restantes áreas apresentaram margem em linha com o previsto.
"Quanto ao mais de salientar que apesar de alguns ganhos não recorrentes, o nível de financeiros acima das nossas expectativas, motivado pelo aumento do plano de investimentos, o aumento das taxas directoras e as operações de hedging levada a cabo pela empresa, provocaram uma queda do lucro líquido numa base comparável de um ano e também trimestral", conclui Luís Colaço que tem uma recomendação de "comprar" e um preço-alvo de 6,50 euros para a empresa.
O analista Pedro Morais, do ESR, refere que as contas apresentadas pela empresa liderada por Luís Palha da Silva foram "um pouco negativas", sublinhando que "a melhor do que esperada performance das margens na Polónia compensou parcialmente a mais baixa do que o previsto performance em Portugal". O banco de investimento tem uma recomendação de "comprar" e um preço-alvo de 6,30 euros.
Já o BPI acredita que os resultados terão um "impacto neutral a negativo", frisando que "apesar de uma mais alta do que o previsto performance ao nível dos resultados líquidos, a performance operacional foi ligeiramente decepcionante com a melhor do que o esperado performance na Polónia a não ser suficiente para contrabalançar os desvios quer do retalho em Portugal e da área industrial face às nossas estimativas".
O banco de investimento refere como pontos negativos a performance operacional da área industrial, o comportamento do retalho em Portugal e os custos financeiros que foram mais elevados do que o previsto. Como notas positivas, o banco destaca a operação na Polónia que também surpreendeu em termos de margens, que foram mais elevadas do que o esperado, e a gestão do capital. Neutrais são os itens não-recorrentes, considera o BPI. Estes explicam a performance ao nível dos lucros. "(...) o mais baixo EBITDA na área industrial irá levar-nos a rever os nossos números", sobretudo devido à actual pressão altista dos preços das matérias-primas alimentares.
O banco tem uma recomendação de "acumular" e um preço-alvo de 6,15 euros para a retalhista portuguesa.
As acções da empresa [JMAR] seguem em queda de 7,10% para os 5,105 euros, depois de já terem chegado a cair 8,64%, com os investidores desiludidos com os números ontem, apresentados pela companhia.
Acordo da Unilever com a Pepsi Lipton "neutral" para a Jerónimo Martins
O BPI acredita que o acordo assinado entre a Unilever, detida em 45% pela Jerónimo Martins, com a Pepsi Lipton para a venda de chá "ready-to-drink" terá um "impacto neutral nesta fase" para a retalhista. A mesma fonte sublinha que este acordo é uma consequência da aliança entre a Unilever e a Pepsico definida em 2003 e recentemente reactivada.
"O impacto positivo de 12 milhões de euros representa 9% da nossa estimativa de lucro para o ano de 2008", acrescenta o BPI.