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Recém-comprada Coindu vai fechar fábrica com 350 trabalhadores em Arcos de Valdevez
O encerramento da fábrica da Coindu de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou segunda-feira que a unidade fabril da Coindu em Arcos de Valdevez vai encerrar no final do mês de dezembro e deixar sem emprego cerca de 350 trabalhadores.
Contactado pela agência Lusa, o presidente do SIMA, José Simões, adiantou que o encerramento da unidade de Arcos de Valdevez do fabricante de componentes para o setor automóvel, foi comunicado no domingo ao sindicato e, reafirmado posteriormente à sua advogada.
Em comunicado enviado às redações, o SIMA, destaca que, "além do impacto em cada um dos diretamente atingidos" o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, "terá um impacto negativo na comunidade e, na região onde a empresa se localiza".
A agência Lusa contactou a administração da Coindu, mas ainda não obteve resposta.
O encerramento da fábrica da Coindu de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
"Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação das autoridades competentes", destaca o SIMA.
Em 15 de outubro último, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de "uma participação maioritária na Coindu - Componentes Para A Indústria Automóvel, SA , por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio".
"Esta transação faz com que a Coindu se torne parte de um grupo líder da indústria de couro, consolidando a sua estabilidade financeira e operacional. Para o Gruppo Mastrotto, esta operação visa avançar a integração vertical, aumentando a capacidade da empresa de oferecer soluções de ponta a ponta para os interiores dos automóveis e, fortalecendo sua posição competitiva no mercado global", lê-se da nota.
O Gruppo Mastrotto acrescenta estar, tal como a Coindu, "comprometido em expandir sua presença em segmentos de mercado de luxo".
Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e em Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, empregando no total cerca de 2.000 trabalhadores.
A empresa é especializada na produção de capas para assentos de automóveis e peças decorativas de superfície para interiores.
Na nota hoje enviada à imprensa, o SIMA refere que "desde que o grupo Mastrotto adquiriu a maioria da empresa Coindu que se fala que a unidade dos Arcos de Valdevez seria vendida, havendo já visitas à empresa por parte de uma outra empresa vizinha".
"Curiosamente, a empresa comunica a sua intenção de proceder a um despedimento de mais de três dezenas de trabalhadores em virtude do encerramento da unidade no final de 2024, resultado da não concretização da obtenção do novo projeto que era esperado", revela o SIMA.
Face a esta situação, o "SIMA pondera as medidas que irá adotar quer a nível legal, quer de apoio aos trabalhadores afetados".
"Que fique claro que não está excluída qualquer medida. A empresa tem de tomar consciência de que este processo irá respeitar todos os trâmites legais, nos prazos previstos e, não os que são mais convenientes para a empresa".
PCP questiona Governo sobre encerramento
O PCP questionou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre o encerramento, no final do mês de dezembro, da unidade da Coindu em Arcos de Valdevez que vai deixar desempregados 350 trabalhadores.
No requerimento hoje enviado a Maria do Rosário Ramalho, o deputado comunista Alfredo Maia quer saber se o Governo tem conhecimento do despedimento coletivo, que salvaguardas foram garantidas, designadamente de defesa dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores na atribuição de benefícios e apoios públicos, e que medidas serão tomadas para defender os interesses dos trabalhadores implicados.
Segundo o PCP, "ao longo dos anos", a empresa Coindu, com unidades fabris em Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, e Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, "tem vindo a concretizar diversos processos de despedimento coletivo e, recorrendo abusivamente ao 'lay-off', atropelando os direitos dos trabalhadores e tratando estes homens e mulheres como descartáveis".
"A sua venda ao grupo estrangeiro garantiria o relançamento da empresa, e ainda em fevereiro o presidente da Câmara Municipal prometia que a fábrica dos Arcos de Valdevez não encerraria, o que torna a situação mais inexplicável", adianta o partido.
Para o PCP, "não podem ser os trabalhadores os sacrificados de uma estratégia de negócio a quem só interessa o lucro máximo e imediato e que desrespeita aqueles que produziram, com o seu esforço e capacidade, toda a riqueza ali criada nas últimas décadas".
"Trata-se de um pesado golpe com dramáticas consequências para centenas de famílias e, nesse sentido, o PCP solidariza-se com os trabalhadores da Coindu", refere.
O PCP anuncia ainda que irá, através do eurodeputado João Oliveira, questionar a Comissão Europeia sobre este caso.