Notícia
"Eles querem saber a nossa morada. Mas para quê?"
A Rohde, fábrica de calçado de Santa Maria da Feira, não sabe se terá encomendas para continuar a funcionar após as férias. Há cerca de mil postos de trabalho em risco e a empresa já começou a verificar as moradas dos trabalhadores.
12 de Agosto de 2009 às 00:01
A Rohde, fábrica de calçado de Santa Maria da Feira, não sabe se terá encomendas para continuar a funcionar após as férias. Há cerca de mil postos de trabalho em risco e a empresa já começou a verificar as moradas dos trabalhadores.
Esta é gente que está como numa das estrofes de Herberto Helder, em que "é amargo o coração do poema". Só que, aqui, não é no poema que está a amargura - é na incerteza de manter o emprego em Setembro. E o coração, esse, está fora do corpo - "temos o coração nas mãos", diz esta gente na eloquência de quem não sabe o futuro.
A Rohde, fábrica de calçado que emprega quase mil pessoas (são eles a gente de que se fala), não sabe se terá encomendas para continuar a laborar em Setembro. As férias começam na próxima segunda-feira, mas há um receio quase mudo que paira ali nas imediações da fábrica, instalada em Santa Maria da Feira. É que são poucos os que têm voz para falar alto do medo que sentem.
Esta é gente que está como numa das estrofes de Herberto Helder, em que "é amargo o coração do poema". Só que, aqui, não é no poema que está a amargura - é na incerteza de manter o emprego em Setembro. E o coração, esse, está fora do corpo - "temos o coração nas mãos", diz esta gente na eloquência de quem não sabe o futuro.