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Quase metade dos hotéis estão encerrados e só esperam reabrir em março

Cerca de 45% dos estabelecimentos hoteleiros nacionais estão neste momento encerrados, e assim deverão manter-se ao longo dos próximos quatro meses, segundo as previsões de um inquérito da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). A vacina ainda não deverá trazer a retoma em 2021.

Inês Lourenço
09 de Dezembro de 2020 às 12:40
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O setor hoteleiro está "em hibernação", à espera da retoma da procura. Cerca de 45% das unidades hoteleiras nacionais estão neste momento encerradas, e assim deverão ficar até ao fim do ano. Destas, 46% antecipam reabrir em março, a tempo da Páscoa. As previsões foram apresentadas esta quarta-feira pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), e fazem parte do mais recente inquérito ao setor realizado pela associação liderada por Cristina Siza Vieira. 

O estudo da AHP, conduzido entre 13 e 02 de dezembro junto de 545 estabelecimentos hoteleiros, revela que é no Algarve e na Madeira que se concentram a maior parte dos hotéis encerrados até ao final de 2020. No sul do país, 65% dos hotéis vão permanecer de portas fechadas nas próximas semanas. Na região autónoma, 57% dos hotéis não vão abrir para as festividades de fim de ano. O Norte do país e o Alentejo são as regiões onde a hotelaria mais resiste, com 36% e 37% de encerramentos temporários, respetivamente. 

Os estabelecimentos antecipam um encerramento de, em média, quatro meses, a contar a partir de novembro. Este período será mais longo nos Açores, onde os hotéis deverão permanecer de portas fechadas durante sete meses. "Será um longuíssimo inverno, e as previsões para a primavera são inexistentes" no arquipélago, destacou Cristina Siza Vieira durante a apresentação do estudo. Segue-se o Algarve, onde os hoteleiros apontam para cinco meses de encerramento. 

A maior parte das previsões de abertura dos inquiridos (46%) apontam para março, antes da Páscoa, que no próximo ano se celebra a 4 de abril. Há ainda uma percentagem significativa de estabelecimentos (23,7%) que não tem ainda uma previsão de abertura, enquanto 17% apontam retomar a atividade apenas no segundo trimestre de 2021. 

Entre os inquiridos, houve ainda 0,5% que revelaram que não vão reabrir em 2021, e outros 0,5% que não contam reabrir de todo. Segundo a presidente da AHP, estes valores correspondem a apenas uma unidade hoteleira, que já decidiu encerrar. "A nossa previsão é que muito poucas unidades fechem portas definitivamente. Os hotéis estão em hibernação, à espera que a procura retome, para poderem reabrir. Estão a usar todos os apoios ao seu dispor nesse sentido, como o lay-off, os apoios a tesouraria e as moratórias bancárias", sublinhou Cristina Siza Vieira. 

O inquérito revela que 65% dos inquiridos recorreram à redução do período normal de trabalho. Destes, 65% reduziram o horário dos trabalhadores entre 61% e 100%. As unidades hoteleiras das regiões autónomas, mas também do Algarve, de Lisboa e do Norte, foram as que mais recorreram à redução das horas de trabalho. O Alentejo destaca-se pela tendência inversa: 65% dos hotéis não reduziram o horário dos funcionários. 

No que toca a despedimentos no setor, a AHP não faz previsões. O estudo revela apenas que 50% dos estabelecimentos reduziram o seu quadro normal de trabalhadores, sendo que este quadro diz respeito aos trabalhadores a prazo e pontuais, contratados para ocasiões de pico de atividade, explicou Siza Vieira. 

AHP quer campanhas alinhadas com planos de vacinação

A "hibernação" do setor também se faz sentir na oferta das unidades que permanecem abertas. A AHP estima que a diminuição da oferta de unidades de alojamento seja de 72%. Cerca de 37% dos estabelecimentos abertos optaram por diminuir a oferta de quartos, com a redução média a rondar os 26%. 

Já entre os estabelecimentos encerrados, há unidades que pretendem abrir "pontualmente". No Alentejo, 70% dos hotéis encerrados pretendem abrir aos fins de semana, enquanto em Lisboa a preferência de 51% das unidades recai na abertura para eventos durante a época das festividade de Natal. 

A presidente da AHP admite que 2020 foi um "ano perdido" para o setor hoteleiro. As receitas deverão cair 80%, com perdas estimadas de 3,6 mil milhões de euros. O mesmo tombo é esperado nas dormidas, que deverão ser menos 46,4 milhões face ao ano passado. 

Para 2021, a esperança recai nos planos de vacinação dos vários países. "Seria muito interessante que o reforço da imagem de Portugal nos nossos principais mercados emissores e as campanhas de promoção estivessem alinhadas com os planos de vacinação desses mercados, pois sabemos que os critérios são distintos nos vários países", defende a presidente da AHP, revelando que a associação vai fazer esse estudo. 

A "luz ao fundo do túnel" emitida pela vacina deverá, porém, levar algum tempo a devolver o brilho ao setor. "Se em 2021 tivéssemos o dobro da atividade de 2020 já seria bom. Se fosse metade da atividade registada em 2019 também já seria um bom ano. O próximo ano será o principio dos princípios, mas ainda não será o ano de retoma do turismo". 

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