Nos últimos dois anos dispensou perto de 250 trabalhadores, ou seja, 25% do total, e este ano “o encerramento de três a quatro unidades pode significar mais cem despedimentos”, reconheceu o CEO do Grupo Portugália Restauração. Tal como acontece com outras empresas do sector, as dificuldades devem-se sobretudo à quebra do consumo e à subida da taxa do IVA na restauração para 23%.

Em declarações ao Diário Económico, Francisco Martins referiu que “a perspectiva [para este ano] é péssima”, depois de viver em 2012 “o pior ano da história” do grupo. Pela primeira vez na sua história, este grupo de referência no sector da restauração obteve no anterior exercício um resultado líquido negativo, que ascendeu a dois milhões de euros.

Na passada sexta-feira, 31 de Maio, a associação das empresas do sector (AHRESP) calculou em 30 mil o número de despedimentos que podem acontecer no segundo semestre deste ano. E comprometeu-se a não destruir esses mesmos postos de trabalho caso seja incluído no Orçamento Rectificativo a descida do imposto que incide sobre o consumo.

A associação liderada por Manuel Esteves apontou o encerramento de 11 mil empresas do sector no ano passado. Se não for alterada a taxa do imposto aplicado à restauração, o número de falências poderá ascender a 39 mil estabelecimentos no final deste ano, “com a extinção de 99 mil postos de trabalho”, advertiu.

A regressão no consumo fora de casa está a provocar igualmente "uma queda assustadora" nos produtos da indústria alimentar e das bebidas, segundo disse ao Negócios o presidente da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, falando num "regresso ao consumo da década de 1980".

Desde Janeiro de 2012, este sector foi particularmente afectado dentro e fora de casa pela reclassificação da tabela de IVA para alguns produtos alimentares e com o aumento, do mesmo imposto, para a taxa máxima na restauração.