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“Portugal é muito anti-nuclear”
Depois do alertar para as potenciais “ligações perigosas” que a Galp está criar com a Gazprom e a Petróleos de Venezuela, Alfred Hoffman, Embaixador dos EUA, diz que Portugal tem que “estar consciente” dos riscos que corre em termos de dependência energét
Depois do alertar para as potenciais "ligações perigosas" que a Galp está criar com a Gazprom e a Petróleos de Venezuela, Alfred Hoffman, Embaixador dos EUA, diz que Portugal tem que "estar consciente" dos riscos que corre em termos de dependência energética externa.
Hoffman, que termina a sua missão diplomática em Portugal na próxima sexta-feira, defende que em matéria energética o melhor exemplo europeu está a ser protagonizado pela França, com a sua aposta no nuclear.
As suas declarações, na semana passada ao Jornal de Negócios, quando disse que a Galp estava a fazer alianças que poderão ser perigosas com a Rússia e Venezuela. Mas os EUA também compram petróleo à Venezuela.
É verdade. Nós estamos à procura de diversificação, até por uma questão de segurança. A verdadeira resposta é conseguir independência energética. Nós reconhecemos os riscos envolvidos de estarmos dependentes de um país que não gosta de nós e que age irracionalmente. Note-se que o preço do petróleo em todos estes países produtores é bastante proporcional ao grau de dificuldade de relacionamento que tivemos com eles.
Veja o que a Rússia fez com a Gazprom à Europa. Toda a gente na Europa reconhece que há um risco inerente a depender de um país para o fornecimento de 65% ou 70% da energia, seja ele qual for. É o que acontece, por exemplo, com a Alemanha. Mas Portugal é um país soberano e tem o direito de fazer o que quiser.
Qual é o melhor exemplo que encontra na Europa?
Penso que é a França com a energia nuclear. Os franceses controlam o seu próprio destino. A França teve uma visão anos e anos antes do resto da Europa e dos EUA. O maior problema que os EUA enfrentam é o facto de termos de obter 60% da nossa energia de fontes estrangeiras e, em termos gerais, são países com os quais é difícil lidar. Esse é um problema de segurança enorme. E Portugal precisa de estar consciente disso, assim como EUA, a Alemanha ou a França.
O nuclear também pode ser um modelo para Portugal?
Portugal é muito anti nuclear. Mas certamente deveria ser um modelo para os EUA, como é para a França. Eu vejo os riscos negativos da energia nuclear como sendo muito menores do que os riscos do petróleo ou outros combustíveis fósseis. O aquecimento global é problema muito mais critico e urgente do que os riscos da energia nuclear.
Leia a entrevista ao Embaixador dos EUA, na edição de segunda-feira do Jornal de Negócios.