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Portugal troca tecnologia pela saúde na inovação em pandemia
Os pedidos de patente com origem em Portugal junto do Instituto Europeu de Patentes caíram 8,5% em 2020. A região Norte vale mais de metade do total, com as universidades a ocuparem quatro das cinco primeiras posições.
As áreas de tecnologia médica (+32%), farmacêutica (+44%) e biotecnologia (+21%) dominaram em 2020 os pedidos com origem em Portugal junto do Instituto Europeu de Patentes (EIP na sigla inglesa).
Os dados divulgados esta terça-feira, 16 de março, mostram o maior investimento na vertente dos cuidados médicos, que num ano marcado pela pandemia substituíram as áreas tecnológicas que vinham impulsionando a inovação portuguesa.
Esta é a principal novidade no ranking elaborado por esta instituição europeia com sede em Munique e escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, que emite uma proteção válida em 44 países e abrange um mercado de 700 milhões de pessoas. É que o efeito negativo da covid-19, em bruto, já quase deixou de ser notícia.
Depois de dois anos consecutivos de crescimento acelerado, as empresas, os institutos de investigação e as universidades portuguesas apresentaram em 2020 um total de 249 pedidos de patente junto do EIP, isto é, 8,5% abaixo do registo recorde de 272 no ano anterior.
Esta performance coloca Portugal na posição 34 na lista dos 40 principais países requerentes – ou 28.º considerando o rácio por milhão de habitantes –, que continua a ser encabeçada pelos Estados Unidos da América (25% do total), pela Alemanha (14%) e pelo Japão (12%).
Ainda assim, o presidente do IEP, António Campinos, refere numa nota enviada ás redações que "é com agrado que [constata] que apesar do decréscimo, o número de pedidos de patente com origem em Portugal se mantém relativamente elevado, mostrando que a inovação portuguesa é agora mais estável do que foi no passado".
Liderança nortenha e na academia
Enquanto a região Norte consolida a liderança com mais de metade (56,2%) dos pedidos de patente portugueses, mais dez pontos percentuais acima do registo evidenciado há um ano e a uma distância alargada de Lisboa (16,1%) e do Centro (15,7%), as empresas quase desaparecem do "top 5", o que contrasta com a maioria dos países europeus.
Na representação empresarial, a indústria de café Delta e o retalhista alimentar Continente, que estiveram em evidência no Índex de Patentes de 2019, são substituídas pela Saronikos Trading and Services, sediada na Madeira e dedicada precisamente a esta área da gestão de patentes, que acumulou sete pedidos.
Nos cinco primeiros lugares estão quatro laboratórios de investigação e instituições académicas. Lidera a Universidade do Minho (20 pedidos de patente junto do IEP), seguida pela A4TEC – Association for the Advancement of Tissue Engineering and Cell Based Technologies & Therapies, também pertencente à academia minhota (14), pelo INESC Porto – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (12) e pela Universidade de Évora (7).
"O facto de haver várias universidades e institutos de investigação entre os principais requerentes é particularmente promissor. E apesar de não podermos prever com certeza a evolução dos pedidos de patente nos próximos meses ou anos, sabemos que a investigação e a ciência são o caminho para um mundo mais saudável e sustentável e que a inovação, apoiada por um sistema de patentes forte, é o motor da recuperação", destacou António Campinos.
A nível global, o destaque na área empresarial vai para a subida da sul-coreana Samsung à liderança, com 3.276 pedidos de patentes no espaço europeu, tomando nesta edição o lugar da chinesa Huawei (3.113). LG, Qualcomm, Ericsson, Siemens, Robert Bosch, Sony, Royal Phillips e BASF completam as dez primeiras posições.