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Governo quer repartir com empresas esforço de 3% do PIB dedicado à ciência

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital afirmou hoje que a meta de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal em investigação e desenvolvimento é para ser repartida por 1/3 pelo Estado e 2/3 pelas empresas.

António Pedro Santos/Lusa
04 de Outubro de 2020 às 21:42
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Em declarações aos jornalistas após o encontro "Ciência e Inovação - Construir o Futuro de Portugal", que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e juntou dezenas de cientistas e empresários, no Antigo Picadeiro Real, em Lisboa, Siza Vieira realçou a importância de uma "recíproca colaboração" entre o mundo científico e a economia.

"O objetivo que todos temos de dedicar 3% do PIB a investigação e desenvolvimento consegue-se com uma repartição do esforço entre 1/3 pelo Estado e 2/3 pelas empresas. O maior esforço tem de ser feito pelas empresas e precisamos de criar condições para que percebam o valor do investimento em ciência, mas também para o sistema científico e tecnológico ser capaz de identificar as oportunidades e criar valor para a economia", referiu.

Já o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, vincou o crescimento de "pelo menos a 10% ao ano no investimento em ciência no setor público e no setor privado" desde 2016, sem deixar de reconhecer que é preciso "fazer mais". Nesse sentido, traçou para a próxima década uma aposta no aumento da frequência de jovens no ensino superior.

"Temos de chegar a 2030 com pelo menos seis em cada 10 jovens de 20 anos a participarem no ensino superior e com 50% da população entre 30 e 34 anos com formação no ensino superior", sublinhou o governante, acrescentando: "Para ter mais ciência é preciso ter uma maior contribuição da economia".

Em representação do movimento de cientistas e empresários, a diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência, Mónica Bettencourt-Dias, manifestou a expectativa de que "a curto prazo" possa existir "um pacto que dê a estabilidade que a ciência e a inovação precisam" e que permita ir além da realidade atual no setor.

"Há ainda um passo muito grande para dar e chegar à sociedade do conhecimento. E esse passo deve ser dado com base num pacto de regime, baseado na regularidade - que é coisa que não temos neste momento -, na simplificação dos procedimentos, num financiamento mais constante - como tem sido anunciado por diferentes governos - de 3% do PIB, e também com mais autonomia para as nossas instituições", explicou.

Subscrito por 65 investigadores, empresários e gestores, e tendo por base um primeiro manifesto divulgado em julho, o documento hoje divulgado à imprensa propõe que Portugal aproveite "um momento em que outros países, por razões políticas e sociais, serão menos apelativos", e tente "captar e reter o melhor talento a nível mundial" para ter empresas mais inovadoras.

Os subscritores do documento, entre os quais se contam cientistas como Elvira Fortunato ou Sobrinho Simões, entendem que "Portugal está longe de se poder orgulhar" de dar um papel de destaque à Ciência e Inovação e defendem uma lei de programação ou pacto de regime para o setor, visando inverter a situação.
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