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Petrocer preparava oferta para acções da EDP na Galp

A Petrocer estava a preparar a entrega de uma proposta de compra da participação da EDP na Galp quando foi surpreendida por notícias de que o negócio entre o empresário Américo Amorim e a eléctrica envolvia uma cláusula de «tag along» para a compra da par

06 de Dezembro de 2005 às 01:18
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A Petrocer estava a preparar a entrega de uma proposta de compra da participação da EDP na Galp quando foi surpreendida por notícias de que o negócio entre o empresário Américo Amorim e a eléctrica envolvia uma cláusula de «tag along» para a compra da participação da REN (Rede Eléctrica Nacional) na «holding de gás» e petróleo.

O líder da Petrocer (consórcio do grupo Violas, BPI e Arsopi, que ganhou o concurso para a venda da Galp em 2004), revelou ontem à noite, num debate promovido pela Sedes sobre o mercado energético, que estava a ser preparada esta semana uma oferta para a compra dos 14,3% da EDP na Galp.

Ferreira de Oliveira explicou ao Jornal de Negócios Online que a iniciativa da oferta resultou da informação dada pela EDP ao mercado, na quarta-feira passada, de que tinha recebido uma proposta de Américo Amorim para vender as suas acções na Galp, pelo que o grupo concluiu que a participação estava no mercado.

Venda da posição da REN deve ser processo competitivo e transparente

Ferreira de Oliveira manifestou contudo reservas em relação à venda da participação da REN de 18,3% da Galp Energia neste processo de forma que receia não ser legítima.

A REN, explica, é uma empresa controlada em 70% pelo Estado, pelo que a alienação das acções na Galp configura a venda de um bem público que não pode ser apenas uma decisão empresarial, como no caso da EDP, mas exige um processo competitivo e transparente porque envolve uma decisão do Governo.

A Petrocer, acrescentou, comunicou na semana passada ao Governo a sua intenção de apresentar uma oferta para as acções da EDP na Galp Energia.

Para o presidente da Unicer, o acordo que estará já, segundo o Jornal de Negócios noticiou ontem, fechado entre o empresário Américo Amorim, a EDP caso se confirme revela uma falta de transparência no processo que o preocupa.

«Espero que não estejamos na fronteira de mais decisões que sejam transparentes e que não beneficiem o erário público», disse na sua apresentação. Caso se confirme o negócio com Américo Amorim, que Ferreira diz ainda não acreditar, «será a última machadada» para que o contrato assinado com a Petrocer em 2004 não possa ser executado.

Falta tempo para apresentar contra-proposta competitiva

A Petrocer admite ainda apresentar uma contraproposta à do empresário Americo Amorim, mas primeiro precisa de conhecer a amplitude do negócio. Uma coisa é comprar 14,3% da Galp e outra é adquirir mais de 32% da empresa, explicou aos jornalistas.

O gestor receia contudo que a iminência de um acordo fechado com o empresário Américo Amorim não dê à Petrocer tempo para apresentar uma contraproposta competitiva, caso se confirme a clausula do «tag along».

Ferreira de Oliveira diz que a Petrocer tentou ontem, sem sucesso, esclarecer junto da EDP e do Governo, que teria sempre de dar o seu aval a um compromisso de venda por parte da REN, confirmar este acordo com Américo Amorim.

O empresário Américo Amorim, que terá de ter o aval do Governo para esta operação, propõe-se a pagar cerca de 1,5 mil milhões de euros pelas participações da REN e da EDP, ligeiramente abaixo da avaliação de cinco mil milhões de euros feita pela Morgan Stanley para a Galp. O valor subiria para 1,7 mil milhões de euros, caso fosse incluída a participação de 4% da Iberdrola.

O empresário, que está associado nesta operação a interesses privados angolanos e à Sonangol, mas também a bancos espanhóis com o Santander a financiar a operação, compromete-se a manter a participação por cinco anos.

Ontem, no debate promovido pela Sedes, o empresário ligado ao PS Henrique Neto, lembrou que Américo Amorim fez parte dos accionistas privados originais da Petrogal que aproveitaram as oportunidades criadas pelas privatizações para comprarem posições accionistas, que, tão rapidamente quando as circunstâncias o permitirem, tratarem de vender, designadamente a interesses espanhóis.

Para Henrique Neto, se Américo Amorim comprar a Galp será «certamente para voltar a vender, porque tem sido essa a regra constante da sua actuação».

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