Notícia
"Pensar como uma empresa, agir como uma ONG"
O Projecto "Marias" começou com três residentes do bairro da Cova da Moura, na Amadora, e hoje já conta com 40 profissionais qualificados para 75 clientes. E o objectivo é expandir.
"A necessidade faz o engenho". Este provérbio popular serve que nem uma luva para o Projecto "Marias". Nasceu no bairro da Cova da Moura, na Amadora, em 2010, e hoje o objectivo é expandir o grupo de "Marias" por mais lares portugueses fora da área da Grande Lisboa. Mas a expansão não lhes tira o foco: "pensar como uma empresa, agir como uma ONG (Organização Não Governamental)"
A Iniciativa Bairros Críticos foi a incubadora deste projecto. Gustavo Brito, que então trabalhava no bairro da Cova da Moura, confrontou-se com duas realidades: pessoas que chegavam ao gabinete de inserção com competências em serviços domésticos; e um conjunto de amigos que procurava pessoas que prestassem esses serviços domésticos e que fossem de confiança. No entanto, estas profissionais, por diversos motivos, não chegavam ao mercado de trabalho e os potenciais clientes também tinham dificuldade de encontrar o que procuravam. Passados dois anos, o projecto está em crescimento, conseguindo unir estas duas realidades. Actualmente já existem 40 "Marias" que respondem aos requisitos de 75 clientes.
Hoje, a equipa conta com 39 mulheres e um homem, mas Raquel Santiago sublinha que o objectivo é crescer a rede. "A dificuldade é encontrar pessoas qualificadas nesta área de serviços", acrescentou. A responsável confirma que o aumento do desemprego fez com que fossem procurados por muito mais pessoas à procura de emprego. "Somos contactados por muitas pessoas de várias profissões, até jornalistas, que não têm qualificação nos serviços. Mas não podemos abrir excepção", referiu. O Projecto "Marias" apenas admite pessoas com experiência na área dos serviços, com pelo menos duas referências.
Contudo, a conjuntura adversa também se está a fazer sentir neste negócio. Raquel Santiago contou que em Novembro "diminuíram os telefonemas e os pedidos", mas o objectivo é atingir o "break even" rapidamente. Para isso, o Projecto terá que atingir as 67 Marias, com 172 clientes, meta que poderá ser alcançada daqui a um ano, com receitas mensais de 2.400 euros, que serão suficientes para cobrir os custos. Raquel Santiago é firme em dizer: "O nosso plano B é crescer ainda mais".
Para isso, o Projecto "Marias" está a planear novas ilhas de recrutamento, para alargar a geografia para além da grande Lisboa.
No futuro, as "Marias" mais antigas, pouco a pouco, vão saindo do Projecto, rumando em direcção à autonomia. Para isso, a fundação Pressley Ridge também preparou um "coaching" para as ajudar neste processo.
Esta iniciativa tem sido apoiada pela Fundação EDP e pelo Credite EGS com um total de 53 mil euros. Nos últimos 11 meses, o Projecto "Marias" facturou 103.362 euros, ambicionando chegar ao "break even" com 575 mil euros.
Bilhete de Identidade
Onde?
Tudo começou no bairro da Cova da Moura, na Amadora, hoje o projecto mantém-se na cidade, mas no Casal da Mira.
O quê?
As 'Marias' são empregadas domésticas "tradicionais" e o projecto ajuda no seu recrutamento, forma-as e dá a opção de escolha aos clientes.
Quantos?
Já são 40 "Marias", com 75 clientes.
Replicar o projecto
O objectivo é replicar o projecto por outros núcleos fora de Lisboa e encontrar mais "Marias" com qualificação.