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Nuno Fernandes Thomaz: Forma como empresas olham para capital de risco "está a mudar"

Empresários estão a ter menos reticências na possibilidade de colocar negócio nas mãos de sociedades de capital de risco, diz Nuno Fernandes Thomaz, fundador da Core Capital, em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

Miguel Baltazar
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Nuno Fernandes Thomaz, fundador da Core Capital, considera que a forma como os empresários portugueses olham para a indústria de capital de risco "está a mudar".

Defendendo que "muito mais tem de ser feito" pela capitalização das empresas, um tema que, a seu ver, é "central" para a economia portuguesa, Nuno Fernandes Thomaz considera, em entrevista ao Negócios e à Antena 1, que o caminho passa por uma maior aposta na indústria de capital de risco.

"Espanha tem uma indústria de capital de risco seis vezes maior do que a nossa e a Grécia, cinco vezes maior", pelo que "quando comparado com outros países europeus, o peso da indústria capital de risco de Portugal ainda é muito pequeno em termos de percentagem do Produto Interno Bruto (PIB)", mas "o facto é que o capital de risco é diretamente proporcional a uma economia mais desenvolvida e a um tecido empresarial mais robusto", diz.

"Problemas que as nossas empresas têm como capital ou falta de capital, dimensão ou falta de dimensão e qualidade de gestão ou falta da qualidade de gestão são resolvidos justamente através de um setor de capital de risco robusto. Porque a gestão é mais profissional, permite com que as empresas pequenas se tornem médias, as médias se tornem grandes e as grandes se tornem globais", reforça o gestor de capital de risco.

Embora reconheça que não há tradição em Portugal, é peremptório ao afirmar que "tem de haver", porque também não existia nos outros países e passou a existir.

E, confrontado com o facto de os empresários não colocarem muito essa opção em cima da mesa, Nuno Fernandes Thomaz respondeu que "isso está a mudar", o que "é muito interessante".

"Pela primeira vez nos 30 anos de minha vida profissional em Portugal vejo empresários que estão dispostos a vender os seus negócios. É natural, porque o tema da sucessão sempre houve, mas agora passaram por 2021 e por 2022 anos em que apanharam grandes sustos - um com a pandemia e outro com o aumento das matérias-primas e da energia, sobretudo indústrias mas, apesar de tudo, conseguiram surfar essa onda e ter resultados bons. Mas, com o aumento das taxas de juro, pensam e dizem: 'É agora o momento de vender' - estamos a assistir isto", partilha.

Para o fundador da Core Capital, "já não temos uma indústria de capital de risco incipiente, fruto do Programa Consolidar, também, e de alguns investidores privados que, para fazerem o 'match' com o dinheiro público do Programa Consolidar, entram como investidores nestes fundos", embora "muito tenha ainda de ser feito".

Com uma dotação de 500 milhões de euros, o Programa Consolidar, lançado pelo Banco Português de Fomento, destina-se a apoiar a subscrição de fundos de capital de risco para investimento em pequenas e médias empresas e empresas de média capitalização (Mid Caps), impactadas pela pandemia de COVID-19, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação. O prazo de vigência deste instrumento vai até 31 de dezembro de 2030.

"O Banco de de Fomento devia, de quatro em quatro anos, vir com programas de novos fundos de capital de risco", sugere.

Convidado desta semana do programa Conversa Capital, Nuno Fernandes Thomaz diz que as vantagens que o negócio de capital de risco oferece às empresas são evidentes e "puxa" dos números: "As empresas participadas por fundos de capital de risco, segundo um estudo do ISCTE, têm 10 vezes maiores vendas, nove vezes mais empregados e têm duas vezes e meia melhores margens de EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações)".
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