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Morangos com açúcar brasileiro e dose dupla de chantilly africano

Grupo Onebiz testa franchising da marca no mundo muçulmano, prevendo entrar em dois mercados por ano durante a próxima década.

24 de Setembro de 2013 às 14:01
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Pedro Santos | O administrador da Onebiz, que detém a marca Morangos, vai em Outubro a uma feira em Macau.

 


O grupo Onebiz está a colher este ano os primeiros frutos da internacionalização da Morangos, que começou a "plantar" há dois anos após uma década de expansão da marca em Portugal, onde tem duas unidades próprias e 35 franchisadas que são frequentadas anualmente por 12 mil crianças.


Brasil, Angola e Marrocos foram os destinos inaugurais para a exportação do modelo em regime de franchising, que inclui creches, jardins de infância, academias (apoio escolar e tempos livres) e parques de diversão. O administrador, Pedro Santos, disse ao Negócios que este é o início de uma fase de "grande desenvolvimento internacional da marca", projectando abrir dois novos mercados por ano durante a próxima década.


Pela dimensão do mercado, a estratégia no Brasil passou pela selecção de "master franchises" estaduais para abrirem colégios "piloto" e gerirem a expansão nessas regiões. Depois de Brasília e São Paulo, segue-se o Piauí (Nordeste) no início de 2014, sendo a meta "ultrapassar a centena de unidades entre cinco a oito anos".


Se do outro lado do Atlântico a afirmação faz-se como marca europeia, em Angola, onde quer abrir 15 unidades em cinco anos, apresenta-se como "ensino português, que tem ali muita tradição". Aliás, a primeira - abre até final do ano em Luanda, direccionada também para os filhos dos expatriados - está a ser quase totalmente desenvolvida com recursos portugueses. Desde a construção aos equipamentos, passando pelos três educadores de infância, seleccionados entre mais de mil currículos recebidos.


É precisamente em África que a marca, criada em 1997 em Matosinhos, vai em simultâneo testar o modelo fora da lusofonia e a entrada no mundo muçulmano. Pela mão de um casal portuense que se mudou para Rabat, está a iniciar a construção da primeira unidade em Marrocos. Moçambique e Macau serão os próximos destinos, estando o grupo à procura de parceiros locais.


Entre "royalties" e direitos de entrada, a Morangos garantiu em 2012 uma facturação de três milhões de euros ao grupo Onebiz, que opera noutros cinco sectores, com destaque para a Acountia (contabilidade e apoio à gestão) e a Exchange (crédito e seguros). No final do ano serão as operações internacionais a assegurar um crescimento global superior a 10%.


O modelo de franchising facilita o crescimento da rede fora de portas, já que o investimento - assim como os proveitos - é partilhado com os franchisados, ficando o grupo com as despesas de marketing, tecnologia e desenvolvimento, entre outras. Por outro lado, as unidades são "geridas por empresários, e não só por colaboradores, o que dá mais garantias de qualidade", completou Pedro Santos.

 

 

 

Perguntas a Pedro Santos
Administrador do grupo Onebiz

 

 

"Por incrível que pareça, a exportação via franchising não é elegível no QREN"

 

 

Quais as maiores barreiras que as empresas enfrentam no estrangeiro?
Temos um mercado interno pequeno e as empresas não têm dimensão nem condições financeiras para poder desenvolver-se e afirmar-se noutros mercados. Por outro lado, Portugal tem um nível de qualificação dos recursos técnicos e uma competência de serviços e produtos que é muito apreciado. É gratificante ver que, nalguns mercados, reconhecem a qualidade do que é português.


E a imagem do país dificulta?
Somos conotados como País do Sul, incumpridor. Sobretudo quando estamos a fazer negócio com os alemães, com os nórdicos, temos de mostrar mais do que outros. Os governos deviam apoiar mais as empresas pois temos de fazer um esforço adicional face aos concorrentes que têm a 'marca país'. Sentimo-nos um pouco desapoiados por entidades que nos deviam acarinhar.


Que tipo de apoio é esse?
Sou também vice-presidente da Associação Portuguesa de Franchising (APF) e, por incrível que pareça, a actividade de exportação via franchising não é elegível para efeitos de aprovação de programas do QREN de apoio à internacionalização. É uma profunda incongruência porque é das actividades de maior valor acrescentado, que exporta 'know how', conhecimento, tecnologia e também a imagem de Portugal.


Por que é que isso acontece?
Pode ser por desconhecimento, por falta de atenção. Independentemente da razão, é um motivo grave de falta de apoio das entidades responsáveis. Se não se apoia a exportação de marcas portuguesa então o que se apoia?

 

 

Ideias-chave

 

O grupo Onebiz garantiu este ano as primeiras unidades da "Morangos" no exterior, 16 anos depois da criação da marca

 

1. Marca Morangos foi criada pelas esposas

A Morangos começou por ser apenas um ATL para ocupação de tempos livres, criado e desenvolvido em Matosinhos pelas esposas dos sócios da Onebiz, Pedro Santos e António Godinho, que têm formação na área da educação e psicologia. Durante quatro anos, o conceito, os manuais e a imagem foram testados nesta unidade piloto. 

 

2. Expansão nacional e diversificação

Após a consolidação dos conteúdos e da própria unidade inaugural, em 2001 o grupo Onebiz inicia a expansão nacional da marca através do regime de franchising. O projecto ganha nessa altura novas valências para abranger todas as idades: creches, jardins de infância e, mais tarde, em 2006, os "Fun Park" (espaços de diversão).

 

3. A hora de ir para fora

Dez anos após o alargamento à escala nacional, onde tem 2 unidades próprias e 35 franchisadas (em breve abrirá em Gondomar e em Mafra), planeia exportar o conceito. Dois anos depois estão a abrir agora no Brasil, Angola e Marrocos.

 

4. 200 Postos de trabalho na área educativa

A rede Morangos soma actualmente perto de 200 colaboradores directos em todo o mundo, estando 75% deles em Portugal. Na estrutura central e nas unidades próprias geridas pelo grupo trabalham cerca de 20 pessoas.

 

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