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Móveis 'high tech' decoram palácio do presidente de Angola

Jetclass, empresa de móveis de Valongo, já sente a crise nos mercados europeus e segue de "móveis e bagagens" para os BRIC

Móveis 'high tech' decoram palácio do presidente de Angola
11 de Outubro de 2011 às 10:09
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A arte de mudar | Agostinho Moreira, presidente da Jetclass, quer diversificar e aumentar o número de mercados.


O Palácio Protocolar de Angola tem desde este mês móveis "high tech" feitos em Valongo. O pedido chegou à Jetclass por intermédio de um decorador indiano, radicado no país africano, e inclui uma secretária (com soluções de domótica), um minibar e um aparador. A encomenda não deslumbra pelo valor, de 15 mil euros, mas é simbólica do que o presidente da empresa, Agostinho Moreira, quer para o futuro da sua unidade: apostar nos clientes de gama alta e diversificar os mercados.

A história da Jetclass mimetiza algumas das mutações da própria economia nacional, nas últimas décadas. Há 15 anos, quando a empresa ainda se chamava Norte Pinhos, foi a retracção do mercado português que obrigou a saltar fronteiras. A quebra das margens de lucro aceleraram a tendência.

"Os nossos concorrentes começaram a oferecer o mesmo produto por preços mais baixos. Pediam-nos que fizéssemos mais barato, porque lhes ofereciam mais barato. À primeira tivemos de aceitar, mas depois começámos a ver que não compensava", enfatiza Agostinho Moreira.

Contas feitas, a subcontratação por outras empresas retirava mais-valias. Solução? Criar uma marca própria, porque "percebemos que o que vendia era a marca própria, e podíamos ter muita qualidade, mas quem iria lucrar era quem punha a marca nos nossos móveis", lembra Moreira.

Assim nasce a Jetclass, um nome internacional que se pronuncia em todos os pontos do globo. No ano passado, facturou 2,2 milhões de euros, 80% dos quais resultantes das exportações para 26 países. As primeiras apostas internacionais foram Espanha e Inglaterra. Tudo corria de feição, até que a crise das dívidas públicas veio alertar para que os mercados europeus já não eram destinos seguros. "O mercado espanhol que, no ano passado, valia 20%, este ano caiu abruptamente. No primeiro trimestre, não vendemos quase nada em Espanha", quantifica o líder da Jetclass, que conta com 50 trabalhadores.

Foi preciso uma nova mudança de agulha nos mercados. As próximas paragens acompanham os fluxos de dinheiro. "Queremos diversificar, cada vez mais, o número de países em que estamos presentes e encetámos negociações com a China, com a Índia e com o Brasil", avança o empresário, que se mostra confiante em conquistar nichos de mercado de luxo nestes países.

Para já, a Jetclass tem reforçado posições em Angola, Holanda e Rússia. Este último, segundo Agostinho Pereira, é o país mais difícil: "Para o material passar na alfândega, tivemos de pagar 15 mil euros, que é mais do que o valor do transporte", crítica.






Perguntas a...






Agostinho Moreira

Presidente da Jetclass







"A banca não aposta e temos de usar uma série de engenharias financeiras"


Qual é a principal dificuldade que, actualmente, enfrentam para crescer nas exportações?
O problema está na parte financeira e na banca. Podemos dizer que temos um projecto de divulgação da marca, no qual ainda assim a banca não aposta, porque a única coisa para que olham é os saldos médios. Temos de estar por nossa conta e risco e usar uma série de engenharias financeiras.

Mesmo para uma empresa que exporta a maior parte da sua produção, essa é uma questão premente?
Toda a gente diz que é na exportação que está a saída para a crise, mas ninguém toma uma atitude. Ninguém quer saber quais são as empresas que exportam, para que países o fazem, e o que é preciso fazer para que possam exportar mais e para outros mercados.

Tem faltado planeamento....
Podíamos estar muito mais à frente se tivéssemos alguém por trás a impulsionar-nos financeiramente. Não temos, e marcamos passo a tentar sobreviver. As verbas de apoio são distribuídas por todas as associações, que querem é o dinheiro para esticar os "staffs". Pensámos que a criação do "cluster" do mobiliário ia mudar a situação, mas isso não aconteceu.

Tem sido complicado encontrar parceiros nos mercados externos?
Já tentámos de tudo, desde revendedores a agentes, até representantes da marca. Em Espanha, já tivemos agentes que não nos pagaram. Até ao momento, estas soluções acabam sempre por não funcionar, porque os clientes não querem um agente no meio a partir do momento em que nos conhecem numa feira. Por isso, optámos por gerir directamente com o clientes.





Ideias-chave

A empresa de móveis está a viver novo momento decisivo em que a abertura aos mercados não tradicionais é fulcral

1. Um berço para o cr7 júnior
A Jetclass tem mantido relações comerciais com algumas figuras públicas nacionais: como os futebolistas Cristiano Ronaldo e Yannick Djaló ou a actriz e cantora Luciana Abreu. A empresa fez o berço para o CR7 Júnior e mobilou a casa da irmã do jogador do Real Madrid, Kátia Aveiro, bem como a loja de roupa no Parque das Nações.

2. Abrir "showroom" em paris para crescer
Para projectar o crescimento da empresa na Europa Central, a empresa de Valongo abriu um escritório em Paris, onde espera em breve colocar um "showroom" que terá como missão promover a marca da Jetclass nos mercados do centro e leste europeu. O investimento, segundo os promotores, será de menos de 50 mil euros por ano.

3. Nova fábrica em "stand-by" há três anos
Há três anos que a construção da "nova casa" da empresa está parada por motivos burocráticos. Moreira queixa-se da morosidade, que não deixa a empresa chegar a novos clientes.

4. Brasil, China e Índia são as novas apostas
Na Europa, os negócios estão a minguar e a Jetclass este ano já sente a retracção do seu mercado tradicional. Depois da quebra em Portugal, agora é a vez dos outros países europeus. A nova porta abre-se através dos BRIC.

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