Notícia
Mineira canadiana quer explorar ‘ouro verde’ na Islândia
A canadiana St-Georges Eco-Mining quer dar uma nova vida ao adormecido setor de mineração de ouro da Islândia, ao aproveitar os enormes recursos de energia renovável do país nórdico.
Em setembro, a empresa mineira de Montreal concluiu uma perfuração de 124 metros de profundidade em Thormodsdalur, nos arredores de Reiquiavique, e pode publicar os resultados ainda este mês. Núcleos de perfuração anteriores indicaram quantidades de ouro de até 415 gramas por tonelada no local, embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar o tamanho do depósito, disse Vilhjalmur Thor Vilhjalmsson, CEO da mineira, em entrevista.
Se os filões forem grandes o suficiente, a St-Georges planeia minerar com robôs, enquanto os equipamentos e o processamento usarão sobretudo eletricidade produzida a partir de energia geotérmica e hidroelétrica da estatal Landsvirkjun. Em agosto, a cotação do ouro bateu um recorde e já acumula ganhos de mais de 20% este ano.
"A nossa ênfase será produzir o ouro mais amigo do ambiente e mais socialmente responsável do mundo", disse Vilhjalmsson. "Prevemos que o nosso ouro será vendido com um prémio."
Num ambiente tão preservado como o da Islândia, a possível proliferação de minas de ouro pode incomodar os 364 mil habitantes da ilha, devido à reputação da indústria de poluir e marcar a paisagem. Mas Vilhjalmsson garante que a sua operação será diferente.
"A nossa ideologia é causar o mínimo de distúrbios no solo", disse. "Em Thormodsdalur, as pessoas mal vão perceber quando a atividade de mineração começar."
A St-Georges usará todo o material extraído do solo durante o processo de mineração, disse Vilhjalmsson. Depois de os minerais serem separados, o restante será usado em material de construção e cimento.
Mineração experimental
A mineira canadiana detém todas as licenças de exploração de ouro na Islândia depois de ter adquirido a empresa local Melmi Ehf no mês passado. A Melmi tinha uma participação maioritária no Projeto Thor Gold em Thormodsdalur, cerca de 20 quilómetros a leste da capital.
Vilhjalmsson, que trabalhou anteriormente em projetos de mineração na Gronelândia e em África, confia que a mineração experimental na Islândia começará esta década e espera gastar quase 500 milhões de coroas islandesas (3,6 milhões de dólares) em pesquisas durante os próximos anos.
"Prevemos que, usando a energia verde que a Islândia oferece, a nossa produção será mais económica do que se usássemos combustíveis fósseis", afirmou. "Estamos no processo de prova de conceito para o nosso modelo e esperamos que seja aplicável em áreas de mineração no mundo todo."
A empresa possui licenças de exploração de ouro, prata e cobre em três áreas na Islândia e solicitou mais 11 licenças. O projeto Thormodsdalur será financiado através de dívida e colocação privada na Bolsa de Valores do Canadá.
As ações da empresa caíram 25% desde janeiro, o que deixa o seu valor de mercado nos 10,4 milhões de dólares canadianos (8 milhões de dólares dos EUA).
‘Ouro verde’
Grant Sporre, analista sénior de metais e mineração da Bloomberg Intelligence, mostra-se cético quanto à oportunidade de mercado, uma vez que não existe um padrão universal para o que se qualifica como "ouro verde".
"Vai demorar um pouco até que os investidores vejam o retorno da componente de exploração de ouro da Islândia dos seus negócios", disse.