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Miguel Pais do Amaral: Oficial, cavalheiro e 73 vezes administrador

Pais do Amaral não sabia. Ele, o administrador de mais sociedades em Portugal? Mas quando o Negócios lhe deu a notícia, ontem, achou graça. Eis o homem que a CMVM individualizou como o campeão das administrações. Mesmo que seja o que mais nenhum é: accionista delas todas.

01 de Agosto de 2012 às 23:30
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Parece um financeiro da City - e é. Parece um "gentleman" aristocrata - e é. Parece um homem rico que vive de herança - mas não é. Miguel Pais do Amaral é um empresário que sabe comprar empresas, reestruturá-las, vendê-las e lucrar. Enfim, nem sempre, mas quase. O que também é, e nem ele próprio sabia, é o homem da Bolsa portuguesa com mais cargos de administração: setenta e três. Leia de novo: se-ten-ta-e-três. Contando com as empresas no estrangeiro, são mais de cem. É de homem.

Não foi o seu nome, mas sim o número 73, que foi publicado ontem no relatório da CMVM sobre governo de sociedades. O número foi mediatizado, mas desconhecia-se o seu rosto. O Negócios leu todos os relatórios das sociedades e fez as contas. Mas ao contrário de outros hiperactivos dos cargos sociais das empresas, Miguel Pais do Amaral não é advogado, salta-pocinhas dos lóbis nem soma apenas cargos de um grupo de sociedades. Tem interesses empresariais das finanças aos vinhos, passando pela edição de livros, comunicação social, energia, tecnologias de informação. E é accionista de todas essas empresas.

"Não sabia que era o português que está em mais conselhos de administração… acho até alguma piada", respondeu ontem ao Negócios. "Mas o facto é que sou accionista de todas as empresas onde sou administrador o que é recomendável em qualquer regra de 'corporate governance'. A única empresa em que fui convidado, e não sou accionista, é uma empresa espanhola".

Pais do Amaral é mais empresário do que gestor. A sua história está repleta de grandes negócios, de empresas que comprou barato e vendeu caro. Nos últimos anos, posicionou-se para uma revoada semelhante em Portugal, mas as coisas não lhe correm de feição. Não, pelo menos, na velocidade em que ele desejaria. A recessão reduz os proveitos, a crise limita o financiamento na banca.

Os 10% na Media Capital, dona da TVI, é uma das suas principais operações. Dono de opções de compra, Pais do Amaral ainda não aumentou a sua posição, numa altura em que os seus sócios espanhóis da Prisa parecem interessados em vender, para atenuar os seus próprios problemas em Espanha. Pais do Amaral chegou a envolver-se na negociação dos direitos de TV do Benfica. Nada avançou.

A segunda maior operação está nas tecnologias de informação, após a entrada na Reditus e fusão com Tecnidata. Neste caso, as operações fora de Portugal vão permitindo bolinar, mas está-se longe do cenário desejado de fundir para vender. Outras posições, mas financeiras, alargam-se à Novabase.

Nas editoras, Pais do Amaral comprou compulsivamente empresas há cinco anos (Texto, Asa, Caminho, Oficina do Livro, Dom Quixote, Gailivro, Teorema, a moçambicana Ndzila, a angolana Ndjira) que concentrou na Leya, para disputar a liderança do mercado com a Porto Editora. O negócio está muito mais fraco em Portugal do que se supunha, longe portanto da possibilidade de materializar as sinergias. No Brasil, a actividade está bem.

O Edge Group, que detém a meias com José Luís Pinto Basto, é chapéu de uma série de outras participações. Nos vinhos, há a Companhia das Quintas. Na área financeira, há fundos de investimentos em Londres. E há empresas em África, Turquia, no Brasil...

Tudo isto está concentrado nas Quifel Holdings (Quifel é um nome antigo da sua família), que tem todas as participações publicadas na Internet. E também lista os seus homem fortes. Mas forte mesmo é do Amaral, que tem mais cartões de visita no bolso que anos de vida. É um homem em movimento. Discretamente poderoso.
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