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Meta de 50 mil milhões da Nike parece uma miragem
Parker, um veterano da Nike que se tornou CEO em 2006, não previu que a explosão dos calçados e vestuários atléticos seria um fiasco.
Com acções e confiança em alta, a Nike estava no topo do mundo em 2015. A empresa registava uma "alta histórica", disse o CEO Mark Parker, num evento com investidores, em Outubro daquele ano. O gestor projectava que as vendas subiriam 63% até 2020 e totalizariam 50 mil milhões de dólares por ano. "Está claro que a Nike é uma empresa em crescimento", disse.
Dois anos mais tarde, é difícil afirmar se a previsão se confirmará. A maior concorrência, liderada pela Adidas, afectou a maior marca esportiva do mundo e turvou suas projecções. Desde que Parker fez a previsão, as acções da Nike caíram 17% - eliminando 22 mil milhões de dólares em valor de mercado. O crescimento das vendas tem sido irregular e caiu para apenas 0,1% no último trimestre.
Na quarta-feira, Parker e sua equipa de gestão realizarão outro evento com investidores na sede da empresa, em Beaverton, Oregon, EUA. Desta vez, tentarão convencer Wall Street de que a visão ainda está viva.
"A Nike deixou de ser uma empresa que avançava com o vento a favor e a todo vapor e passou a operar com ventos contrários e longe da sua capacidade máxima", disse Brian Yarbrough, analista da Edward Jones. "Eles terão que anular as expectativas."
Histórico
Parker e sua equipa de gestão podem estar a diminuir as suas aspirações, mas deram poucos sinais disso. Disseram aos investidores que estão a mudar alguns aspectos do negócio - por exemplo, acelerando a produção de ténis - e a apostar que os investidores lhes darão tempo devido ao seu histórico.
Este registo inclui o período de 2010 a 2015, quando a Nike dominava os EUA - maior e mais antigo mercado da empresa - com ganhos médios anuais de 10% nas vendas. Não houve aquisições - apenas crescimento orgânico, que fez o preço das acções da empresa triplicar.
Mas Parker, um veterano da Nike que se tornou CEO em 2006, não previu que a explosão dos calçados e vestuários atléticos seria um fiasco. Também não previu que o rápido crescimento das roupas desportivas atrairia simultaneamente uma série de marcas para o segmento.
Como resultado, poderão faltar 10 mil milhões de dólares para cumprir a projecção de 50 mil milhões de dólares em vendas de Parker, que a empresa havia proposto alcançar no ano fiscal que termina em Maio de 2020. Na altura, a projecção significava manter taxas de crescimento anuais de 10%. Mas nos dois anos seguintes a empresa registou a metade desse ritmo de ganhos. A Nike projecta que crescerá a uma taxa similar este ano, apesar de o mercado dos EUA continuar fraco.
"Eles entraram numa sequência de cinco ou seis anos muito incrível, com números impressionantes para uma empresa tão grande", disse Yarbrough. "Mas já não são respeitados como antes e estão a começar a perder parte da credibilidade."