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Medina: Há "solução delineada" para Silopor, mas "difícil" de executar até fim do mandato

Ministro das Finanças prometeu "ouvir atentamente" as reivindicações dos trabalhadores da Silopor, que cumprem esta quarta-feira um dia de greve, apontando que dará indicações à comissão liquidatária para que sejam encontradas "soluções adequadas".

José Sena Goulão/Lusa
Diana do Mar dianamar@negocios.pt 31 de Janeiro de 2024 às 18:58
O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou, esta quarta-feira, que existe uma "solução" pensada para resolver o caso da Silopor, empresa detida a 100% pelo Estado, sem dívidas e com lucro, em liquidação há 24 anos, mas apontou ser "difícil" de cumprir no pouco tempo que resta até ao final do mandato.

"Temos, aliás, a solução já delineada, está pensada, organizada, mas não sei se será possível, com o prazo que temos até ao fim do mandato, que seja cumprida", afirmou Fernando Medina, sem especificar, durante uma conferência de imprensa conjunta com a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, convocada para o anúncio de um pacote de 440 milhões de euros para os agricultores.

O Governo chegou a inscrever no relatório que acompanhou a proposta do Orçamento do Estado para 2023, que previa concluir o processo de encerramento da liquidação da empresa, embora sem facultar detalhes, mas nada avançou no sentido de se resolver a questão de fundo da empresa que gere os silos portuários da Trafaria e do Beato, responsável pelo descarregamento de mais de metade dos cereais consumidos em Portugal.

"Gostava de ter uma solução definitiva para a Silopor antes do final do mandato", mas uma "solução agora em pouco tempo é talvez um pouco difícil", declarou Medina, que assumiu a pasta em 2022.

O ministro das Finanças deixou claro, porém, que o facto de a Silopor se encontrar em liquidação há mais de duas décadas "não impediu o normal funcionamento da empresa". "A única coisa que altera é o nível de autonomia que existe para a tomada de decisões do ponto de vista da gestão da empresa", reforçou. Prova disso é o facto de a comissão liquidatária não ter, por exemplo, mandato para rever o Acordo de Empresa.

Relativamente às reivindicações dos trabalhadores da Silopor, que cumprem esta quarta-feira, um dia de greve, naquela que é a primeira paralisação total pelo menos desde 2009 e que, segundo adiantou ao Negócios Célia Lopes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), teve "adesão total" por parte dos 83 trabalhadores da Silopor.

Medina prometeu ouvi-las e dar as orientações à comissão liquidatária para se encontrarem "soluções adequadas". "Vamos ouvir atentamente aquilo que corresponde às reivindicações e avaliar com a administração da empresa quais caminhos a seguir, separando naturalmente o que é o desejo de quem reivindica e a possibilidade de quem vai ter que gerir uma organização de uma empresa que queremos que seja sustentável", declarou, observando que, ao longo dos tempos, se têm encontrado soluções num espírito de diálogo e entendimento" entre sindicatos e a empresa.

Os trabalhadores têm essencialmente três reivindicações: exigem a integração nos quadros da Silopor dos mais de 20 trabalhadores de empresas de trabalho temporário (alguns dos quais a prestar serviço diariamente na Silopor desde 2019), a valorização dos salários, rejeitando as limitações impostas pelo Ministério das Finanças e pela comissão liquidatária (dado que o despacho do Ministério das Finanças prevê que a massa salarial, onde se incluem as promoções e o pagamento extra do trabalho suplementar, só possa aumentar até 5%), assim como a revisão do Acordo de Empresa, designadamente no que toca às carreiras profissionais.

De manhã os trabalhadores reuniram-se junto ao silo da Trafaria, em Almada, onde esteve presente a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, e à tarde concentraram-se junto ao Ministério das Finanças.
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