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Mário Ferreira: “Tinha até uma grande admiração” por Ana Gomes

O dono da Douro Azul, que pediu o levantamento da imunidade parlamentar de Ana Gomes, diz que “tinha até uma grande admiração” pela eurodeputada, mas que esta “terá que se retractar” no caso em que o acusa de “corrupção” no processo de compra e venda do navio Atlântida.

Mário Ferreira garante que a compra e posterior venda do navio Atlântida "decorreu dentro da maior legalidade". Miguel Baltazar/Negócios
12 de Junho de 2017 às 19:06
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"A dra. Ana Gomes tem um papel importante na sociedade portuguesa, tinha até uma grande admiração pelo seu trabalho, mas não pode fazer acusações falsas a torto e a direito, sem fundamentos", considera Mário Ferreira, através de SMS enviado ao Negócios.

 

"Ela terá que se retractar neste caso, pois a compra [do ´ferryboat’ Atlântida] que fiz e posterior venda decorreu dentro da maior legalidade", garante o empresário, alegando até que "a compra em concurso público foi, como a dra. Ana Gomes sabe, auditada por um membro do Ministério Público, e decorreu com a maior transparência", afiança.

 

Quanto "à mais-valia" choruda conseguida com a venda do Atlântida a uma empresa norueguesa, Mário Ferreira diz que tal "deve-se ao conhecimento dos mercados internacionais e ao investimento realizado por nós de milhões [de euros] na mesma embarcação após a sua compra".

 

Hoje, 12 de Junho, o presidente do Parlamento Europeu (PE) anunciou, em plenário, que foi solicitado, por um conjunto de empresas do grupo Douro Azul, o levantamento da imunidade parlamentar da eurodeputada Ana Gomes, tendo reenviado o pedido para análise e recomendação à Comissão de Assuntos jurídicos do PE.

 

O levantamento da imunidade parlamentar visa permitir que a eurodeputada seja interrogada, como arguida, por alegados crimes de "ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva e de "publicidade e calúnia", tendo como fundamentos as declarações da eurodeputada ao DN sobre a subconcessão da empresa ENVC e a venda do Atlântida.

 

Foi a 29 de Abril do ano passado que, em declarações àquele jornal, a eurodeputada Ana Gomes (PS) manifestava-se satisfeita com as buscas que a PJ estava a realizar nesse dia no Ministério da Defesa e noutros locais do país, relacionadas com a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) a uma empresa do grupo Martifer, tendo classificado o processo de venda do "ferryboat" Atlântida pela empresa estatal ao empresário Mário Ferreira como "corrupção".

 

"É um sinal de que algo está a mexer num caso flagrante de corrupção", envolvendo a venda "a patacos" do "ferryboat" Atlântida ao grupo Douro Azul, o qual "tem muito que contar" às autoridades, sublinhou então Ana Gomes ao DN, insistindo em afirmar que a venda do Atlântida era "um negócio que tresandava a corrupção".

Mário Ferreira acusa a eurodeputada de fazer "insinuações e acusações graves, visando atingir a credibilidade e prestígio das queixosas" e de "insinuar uma qualquer relação entre a subconcessão dos terrenos e infra-estruturas dos ENVC com a venda do navio ‘Atlântida’ ao grupo Douro Azul, sabendo que não correspondia à verdade". Acusa ainda Ana Gomes de "imputar às queixosas a prática de corrupção a respeito da venda a patacos do ‘ferryboat’ "Atlântida".

 

A venda do Atlântida foi inicialmente adjudicada a uma empresa grega, a Thesarco Shipping, que tinha oferecido 13 milhões de euros mas nunca apareceu para pagar o navio. A administração à época dos ENVC entregou então o navio ao segundo concorrente, a Douro Azul, por um preço substancialmente mais baixo - 8,75 milhões de euros.

 

Oito meses depois, Mário Ferreira revendeu o Atlântida a uma empresa norueguesa por 17 milhões de euros.

 

Conforme o comunicado do PE dá conta, o empresário foi recentemente referenciado numa investigação do jornal "Expresso" denominada "Malta Files" como tendo utilizado uma sociedade criada em Malta como veículo para a venda do navio Atlântida.

 

"A venda do ‘Atlântida’ está desde o ano passado a ser investigada pelo Ministério Público, por suspeitas de manipulação de concurso público, devido ao diferencial entre o valor (8,7 milhões) a que o empresário português adquiriu o navios aos ENVC, então uma empresa do Estado, e o encaixe que conseguiu na revenda à Noruega (17 milhões), revela o Expresso na sua edição de 20 de Maio passado.

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