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Lucro da Jerónimo Martins dispara 66% para 58 milhões no primeiro trimestre

A Jerónimo Martins apresentou esta quarta-feira os resultados do primeiro trimestre de 2021.

28 de Abril de 2021 às 17:20
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O grupo Jerónimo Martins (JM), dono dos supermercados Pingo Doce, fechou o primeiro trimestre de 2021 com lucros de 58 milhões de euros, uma subida de 66,3% face ao mesmo período do ano passado, quando lucrou 35 milhões de euros.

Em comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos revela que as vendas consolidadas aumentaram 1,5% para 4,8 mil milhões de euros, com as vendas comparáveis a registarem uma subida de 3,2%, "num contexto ainda de elevada incerteza em resultado da evolução da pandemia nos países onde o Grupo opera".

A empresa ressalva que "o comparativo com o ano anterior deve ter em conta que o Grupo registou até ao final de Fevereiro de 2020 um excelente desempenho, antes de ser fortemente afectado, em Março desse ano, pelos primeiros efeitos da pandemia de Covid-19".

No primeiro trimestre de 2021, marcado pelo segundo confinamento em Portugal, mas com a nova onda de infeções por covid-19 a impactar também a Polónia, o EBITDA do grupo cresceu 4,0% para 322 milhões de euros. A margem EBITDA foi de 6,7%, face aos 6,6% registados no período homólogo. 

A pandemia continuou a "implicar custos acrescidos, parte dos quais estão já incorporados no dia-a-dia das operações" do grupo. No primeiro trimestre, os custos directos adicionais com as medidas relacionadas com o vírus totalizaram cinco milhões de euros, que comparam com os 16 milhões do primeiro trimestre do ano passado. 

A mesma nota relativa à diferença entre os dois períodos em comparação é deixada pelo presidente do grupo, Pedro Soares dos Santos. "Este trimestre é particularmente difícil de comparar com o mesmo período de 2020, quando registámos um excelente desempenho em Janeiro e Fevereiro, antes de sermos forte e inesperadamente afectados pelos primeiros efeitos, em Março, da pandemia de Covid-19", escreve o responsável. 

Ainda assim, e "mesmo sabendo que, pela sazonalidade, o primeiro trimestre é o de menor materialidade", Soares dos Santos considera que "os resultados alcançados são encorajadores e reforçam a nossa confiança na capacidade de cada insígnia garantir a preferência dos consumidores e entregar crescimento rentável em 2021". 

Gasolina afeta vendas do Pingo Doce 

Em Portugal, o Pingo Doce "continuou a ser impactado pelo limite imposto ao número de pessoas dentro das lojas". As vendas totais recuaram 0,8% face ao homólogo para 929 milhões de euros "devido ao desempenho negativo dos postos de gasolina". Excluindo o combustível, as vendas cresceram 0,3%. O grupo sublinha que em março o desempenho da insígnia "foi já positivo, reflectindo um comparativo mais favorável nas últimas semanas do mês". Neste período, o Pingo Doce abriu duas novas lojas e remodelou cinco. 

Já o Recheio continua a ter um desempenho mais dificultado devido às restrições impostas ao canal Horeca. As vendas caíram 19% para 173 milhões de euros, "tendo a insígnia conseguido manter a tendência de crescimento no Retalho Tradicional". 

O EBITDA da distribuição em Portugal foi de 60 milhões de euros, 3,6% abaixo do primeiro trimestre de 2020.


Na Polónia, mercado que tem mais peso nas vendas do grupo, as vendas da Biedronka aumentaram 9,2% em moeda local, "com a quota de mercado a registar uma sólida evolução no período". Em euros, as vendas aumentaram 3,9% para 3,4 mil milhões de euros. "Apesar da inflação negativa no cabaz, o LFL beneficiou de um impacto positivo da Páscoa que foi impulsionado pelas campanhas desenhadas pela Biedronka para esta época festiva", ressala o grupo. 

As medidas de confinamento, "embora com impacto negativo nas compras de impulso, beneficiaram as vendas a retalho, já que o encerramento dos restaurantes e escolas se traduziu num aumento do número de refeições em casa". Abriram 21 lojas novas e foram remodeladas 79. 


Já a cadeia de lojas de beleza Hebe, também na Polónia, registou uma quebra nas vendas de 10,9% para 57 milhões de euros. O grupo explica que, excluindo o negócio das farmácias encerrado em julho de 2020, as vendas cresceram 5,4%. "A um comparativo difícil face a Janeiro e Fevereiro de 2020 acresceu o encerramento dos centros comerciais em Janeiro de 2021, que impactou o desempenho da cadeia nestes meses". Em Março "registou-se uma forte recuperação das vendas", com as vendas online a triplicar face ao homólogo.

Na Colômbia, as vendas dos supermercados Ara aumentaram 10,5% em moeda local e 0,6% em euros para 237 milhões. Nesta geografia, "o contexto económico manteve-se frágil, em resultado do longo confinamento vivido em 2020". Abriram 26 novas lojas. O EBITDA da Ara cifrou-se em três milhões de euros, uma "melhoria substancial" face aos três milhões negativos registados no período homólogo, que reflete, "para além da boa progressão das vendas, a reestruturação e optimização de custos levadas a cabo em 2020". 


Retoma em Portugal "incerta"

O grupo reporta no período custos financeiros líquidos 45 milhões de euros, face aos 63 milhões do período homólogo. "Estes custos incluem -6 milhões de euros relativos a ajustes de valor na capitalização de locações operacionais denominadas em euros na Polónia que, no mesmo período do ano anterior, foram de -21 milhões de euros". Já as outras perdas e ganhos foram de -3 milhões de euros, "incluindo alguns abates de activos e valores de indemnizações". O investimento foi de 78 milhões de euros, "dos quais c.55% foram canalizados para a Biedronka". 

A Jerónimo Martins confirma as perspetivas apresentadas em março para o que resta do ano 2021, com um investimento previsto de 700 milhões de euros, 60% dos quais na Biedronka. O grupo prevê que "o ano permaneça marcado por elevada falta de visibilidade no que respeita à gestão do combate à pandemia" nas três geografias onde opera. 

Em Portugal, "a retoma esperada para 2021 é ainda incerta e está dependente da evolução da crise sanitária, do programa de vacinação e dos seus impactos no mercado interno e na recuperação do turismo". O grupo reconhece que "qualquer" alívio das restrições "deverá ter efeito positivo imediato" nos negócios, mas prevê uma recuperação "lenta" do canal Horeca. 

Já a Polónia deverá continuar a apresentar "as bases mais sólidas de incentivo ao consumo interno". No entanto, a JM admite que neste mercado possa haver "pressão" devido à acrescida carga fiscal, devido à entrada em vigor, em Janeiro, do imposto sobre as vendas dos grandes retalhistas e da taxa sobre as bebidas com elevado teor de açúcar. 

Na Colômbia "espera-se que a reabertura da economia leve a uma recuperação em 2021, pese embora a fragilidade do ambiente de consumo".

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