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Investidores da Inditex exigem conhecer lista de fornecedores

A dona da Zara parece ser uma exceção no retalho e ainda mantém em segredo a que fábricas encomenda. A divulgação total da cadeia de abastecimento pode aumentar a concorrência pelos mesmos fornecedores, explicam os investidores, que exigem, no entanto, mais transparência.

Bloomberg
11 de Março de 2024 às 14:58
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A poucos dias de apresentar o relatório e contas de 2023, a dona da Zara está a ser alvo de pressão por parte dos investidores para divulgar a lista completa de fornecedores, bem como a localização geográfica das fábricas que fazem parte da cadeia de abastecimento.

 

Na notícia avançada pela Reuters, os reguladores querem mais transparência e divulgação desta informação, que se mantém confidencial, como uma prova de que não existe trabalho forçado e que os trabalhadores recebem salários dignos, de forma a avaliar os possíveis riscos no império criado por Amancio Ortega, que detém 59% da empresa.

 

Sabe-se que o vestuário da gigante de retalho provem de 12 países diferentes, mas não é conhecida a localização de cada fábrica. Dados divulgados em 2019 mostram que a empresa acabou parcerias com a China e transferiu este valor para Marrocos e Bangladesh, sem detalhar quantidades compradas.

 

Na União Europeia, divergências não deixaram ir a avante a lei que exigia a grandes empresas a divulgação de informação que avaliaria se as cadeias de abastecimento utilizadas prejudicavam o meio ambiente ou recorriam ao trabalho infantil, com possíveis sanções que poderiam incluir multas de 5% da receita.

 

Com esta lacuna, a dona da Zara e Massimo Dutti vê-se presa a acusações de pouca diligência em matéria de direitos humanos, com os acionistas a pressionarem a Inditex a seguir os mesmos passos dos gigantes rivais, como a H&M e a Primark.

 

Os investidores consultados pela Reuters reiteram, no entanto, que não vão vender as participações detidas e que a divulgação da localização das fábricas "poderia trazer mais concorrência dos rivais da Inditex pelos mesmos fornecedores".

 

Por outro lado, há quem queira saber que parcela das receitas é originária em cada país, já que isso ajudaria a determinar a resiliência da cadeia de abastecimento. Em causa está também o escrutínio das medidas ESG (Environmental, social, and corporate governance) e da mão-de-obra da gigante têxtil.

 

Sem querer comentar as exigências dos investidores, a Inditex, que conta com aproximadamente 5.700 lojas em mais de 90 países, afirmou que "tem um profundo compromisso em manter padrões elevados na sua cadeia de abastecimento e acredita que o nosso sistema de rastreabilidade líder da indústria, que nos dá a máxima visibilidade da cadeia de abastecimento, é fundamental para isso", citado pela mesma agência de notícias.

A líder mundial de venda de roupa a retalho fechou o exercício de 2022 com lucros de 4.130 milhões de euros, mais 27% do que no ano anterior. Entre fevereiro e outubro do ano passado, registaram lucros de 4.102 milhões de euros, com os resultados anuais completos a serem conhecidos em poucos dias.

Notícia editada por Inês Santinhos Gonçalves

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