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Importação de gás através de Espanha cai 96% no primeiro trimestre
A importação de gás para Portugal pelos pontos de interligação com Espanha diminuiu 96% no primeiro trimestre, e a exportação de gás que chega pelo porto de Sines para o país vizinho desceu 22%, informou esta sexta-feira a ERSE.
06 de Maio de 2022 às 14:32
De acordo com o Boletim sobre Utilização das Infraestruturas de Gás, da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), no primeiro trimestre do ano, "o volume de importação de gás a partir do VIP [Ponto Virtual de Interligação] Ibérico foi residual, totalizando um valor de cerca de 19 GWh, representando uma diminuição na importação de gás de 96% relativamente ao período homólogo".
Já o volume exportado de gás a partir de Portugal totalizou 1.141 GWh, o que corresponde a uma redução de 22%, face ao primeiro trimestre de 2021.
O gás destinado à exportação entrou em Portugal através do terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) de Sines, onde foi regaseificado e injetado na rede de transporte de gás, sublinhou a ERSE.
Desta forma, o saldo exportador, no primeiro trimestre, foi de 1.123 GWh, apontou o regulador.
Segundo a entidade, "a atual utilização do VIP Ibérico é bastante diferente do passado recente, em que chegou a ser o principal ponto de entrada de gás em Portugal", uma alteração de comportamento que se vem a registar desde 2018 e 2019.
A mudança do padrão de utilização do VIP Ibérico, "coincide com outras mudanças estruturais nas interligações de Espanha", designadamente no VIP Pirinéus, que se começou a registar em 2020, realçou a ERSE.
Desde 2016, o período agora em análise representa apenas a segunda vez que um trimestre regista saldo exportador no VIP Pirinéus (de Espanha para França).
Já a interligação de Tarifa, no sul de Espanha, que faz a ligação à Argélia via Marrocos, sofreu uma redução de volumes em 2020, ano em que terminou o contrato da Galp com a argelina Sonatrach.
No entanto, no final de 2021, aquela interligação foi interrompida, por decisão política da Argélia, devido a diferendos com Marrocos, e a interligação de Almería, que liga diretamente à Argélia, registou um aumento nos volumes de gás transportados para compensar, parcialmente, o corte da interligação de Tarifa.
Quanto às reservas de gás em instalações subterrâneas, para garantir a segurança do abastecimento, Portugal registou 'stocks' de 80%, coincidindo com a meta estabelecida pela Comissão Europeia, no âmbito do programa REPowerEU, que fixa em 80% o nível mínimo de reservas de gás em instalações subterrâneas até 01 de novembro de 2022, aumentando para 90% nos anos seguintes.
No caso ibérico, considera-se ainda o gás armazenado nos tanques dos terminais de GNL, que representa, em média, cerca de metade do gás alojado nos armazenamentos subterrâneos.