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Humberto Pedrosa: "Não nacionalizar a TAP é bom para o país e para a companhia"

O presidente da Barraqueiro e acionista privado da TAP, Humberto Pedrosa, considera que a não nacionalização da companhia aérea portuguesa "é bom para a empresa e para o país" e sublinhou que sempre fará parte da solução.

Miguel Baltazar
03 de Julho de 2020 às 08:38
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Humberto Pedrosa, presidente do grupo Barraqueiro e dono de 50% da Atlantic Gateway, que detém 45% da TAP, reage em declarações hoje a O Jornal Económico ao anúncio na quinta-feira do acordo entre o Governo com os acionistas privados da TAP que vai traduzir-se na saída de David Neeleman e no reforço da posição acionista do Estado de 50% para 72,5%.

"Não nacionalizar a TAP é bom para o país e para a companhia. É bom para todos", disse Humberto Pedrosa.

Em declarações ao económico, Humberto Pedrosa disse que fará "sempre parte da solução da TAP".

Sobre a futura configuração acionista, Humberto Pedrosa disse ao jornal que "ainda é cedo, que não está definido".

O responsável alertou também que "a TAP vai ter a responsabilidade muito grande de uma reestruturação importante para a viabilização da companhia que vai ter de ser aprovada por Bruxelas".

O acionista revelou que "já está a ser preparada a reestruturação da TAP, que deverá estar concluída antes do prazo fixado por Bruxelas", que deu seis meses para a apresentação deste plano depois de ter aprovado o auxílio.

"Espero que saia um bom plano e que seja aprovado pela Comissão Europeia", disse Humberto Pedrosa, assegurando que os acionistas vão "lutar para que a TAP seja a maior possível e que os cortes sejam o mais reduzidos, que se consiga, pois, caso contrário, a TAP pode não ser viável".

O Governo anunciou na quinta-feira que chegou a acordo com os acionistas privados da TAP, ficando com 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros, com a aquisição da participação (de 22,5%) até agora detida por David Neeleman. O empresário Humberto Pedrosa detém 22,5% e os trabalhadores os restantes 5%.

"De forma a evitar o colapso da empresa, o Governo optou por chegar a acordo por 55 milhões de euros", referiu o ministro das Finanças, João Leão, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, quinta-feira em Lisboa.

O governo esclareceu que a Atlantic Gateway passa a ser controlada por apenas um dos acionistas que compunha o consórcio, designadamente o português Humberto Pedrosa, dono do grupo Barraqueiro.

O dono da companhia aérea Azul, David Neeleman, sai assim da estrutura acionista da TAP.

A Comissão Europeia aprovou em 10 de junho um "auxílio de emergência português" à companhia aérea TAP, um apoio estatal de até 1.200 milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" com condições predeterminadas para o seu reembolso.

Uma vez que a TAP já estava numa débil situação financeira antes da pandemia de covid-19, a empresa "não é elegível" para receber uma ajuda estatal ao abrigo das regras mais flexíveis de Bruxelas devido ao surto, que são destinadas a "empresas que de outra forma seriam viáveis".

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou que o presidente executivo da TAP Antonoaldo Neves vai ser substituído "de imediato", sem revelar quem lhe sucede.

Pedro Nuno Santos anunciou também que o Governo vai contratar uma empresa para procurar no mercado internacional uma equipa de gestão qualificada para a TAP.

O ministro recusou assumir um cenário de despedimentos na TAP no âmbito do processo de reestruturação da companhia aérea.

"Inevitabilidades não as assumo. Não faz sentido estar a assumir cenários que decorrerão de um plano de reestruturação", disse.
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