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Há uma empresa no Brasil que não divulga os salários para travar raptores

A mineira brasileira Vale não divulga o valor das remunerações dos seus executivos para os proteger de possíveis raptos. E não é a única.

01 de Abril de 2018 às 21:02
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"A Vale tem-se mostrado disposta a fazer muitas coisas para melhorar a ‘governance’ e reduzir o ‘valuation gap’ [diferença entre o valor de mercado real de uma empresa e o valor pelo qual os seus proprietários esperam vendê-la], incluindo remodelar a sua estrutura accionista e o conselho de administração. Mas há uma coisa de que ainda não abre mão: divulgar o valor das remunerações dos seus executivos". É assim que a Bloomberg descreve a estratégia da mineira brasileira no sentido de travar possíveis raptos.

 

A adopção de padrões de transparência globais, no âmbito da sua transição para uma interveniente mundial autónoma, tem então vindo a ser uma das bandeiras da Vale – mas no que toca à divulgação de salários… a empresa resguarda-se invocando uma lei brasileira de 2010 que visa proteger os executivos de topo de serem raptados.

 

Mas, num país com elevadas taxas de criminalidade e de desigualdade, a Vale não é a única a esconder detalhes sobre as remunerações, sublinha a Bloomberg. Entre os 140 membros que integram o Novo Mercado [um segmento especial de listagem da Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa], são 22 as cotadas que mantêm em segredo as especificidades sobre os salários dos seus executivos, justificando que não desejam expô-los a riscos em matéria de segurança.

 

A reguladora do mercado de capitais do Brasil, CVM, exige que as empresas divulguem a remuneração mínima, média e máxima paga aos executivos de topo. O Novo Mercado exige o mesmo nível de divulgação, mas só se a empresa se tornar membro este ano, salienta a Bloomberg. E a Vale integrou a bolsa no ano passado.

 

Lançado em 2000, o Novo Mercado "estabeleceu desde a sua criação um padrão de governança corporativa altamente diferenciado. A partir da primeira listagem, em 2002, tornou-se o padrão de transparência e governança exigido pelos investidores para as novas aberturas de capital, sendo recomendado para empresas que pretendam realizar ofertas grandes e direccionadas a qualquer tipo de investidor (investidores institucionais, pessoas físicas, estrangeiros etc.)", explica o website deste segmento da Bovespa.

A Vale – que até 2007 se chamava Companhia Vale do Rio Doce [CVRD], tendo nesse ano incorporado a canadiana Inco e alterado a sua denominação –, que opera no sector mineiro mas também nas áreas da logística, energia e siderurgia, é uma das maiores empresas de mineração do mundo, com destaque para a produção de minério de ferro, estando presente em 14 Estados brasileiros e nos cinco continentes.

 

A empresa fundada em 1942 – que actua na pesquisa, extracção, produção e comércio de minérios, geração de energia, transporte ferroviário e operação portuária – disse à Bloomberg que este ano irá avaliar a possibilidade de desenvolver uma nova política de divulgação de remunerações.

 

No seu relatório do governo da sociedade, a Vale divulgou que em 2017 pagou cerca de 28,8 milhões de dólares aos seus executivos de topo e pretende elevar esse valor para 31 milhões de dólares este ano.


(notícia actualizada às 21:46)

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