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Gigantes duty free têm voos gratuitos para atrair clientes VIP

No mês passado, Hyun Jung-a embarcou num voo no aeroporto Incheon, na Coreia do Sul. Cerca de duas horas depois, estava de volta ao mesmo aeroporto a fazer compras no free shop, apesar de nunca ter aterrado noutro país.

16 de Maio de 2021 às 13:00
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O voo da Air Busan, organizado pela empresa Lotte Duty Free para os seus clientes VIP, foi o primeiro de Hyun desde o início da pandemia e não lhe custou um cêntimo. Como a aeronave deixou brevemente o território coreano e passou por uma ilha japonesa, os 130 passageiros a bordo puderam fazer compras em lojas duty free em Seul, normalmente reservadas para passageiros de voos internacionais.

Voos como esse são uma tentativa das operadoras duty free de salvar uma indústria dizimada pela covid-19. Antes do vírus, os negócios estavam a crescer - o mercado global duty free valia 85 mil milhões de dólares em 2019 e caminhava para chegar a 139 mil milhões em 2027, de acordo com pesquisa da Verified Market Research.

As vendas afundaram à medida que os países restringiam as viagens internacionais. Globalmente, apenas 1,8 mil milhões de pessoas apanharam voos regulares no ano passado, em comparação com 4,5 mil milhões em 2019, segundo a Organização da Aviação Civil Internacional. A receita anual para a gigante duty free suíça Dufry AG, que opera free shops em todo o mundo, caiu 71%.

Hotel Shilla, a segunda maior operadora duty free da Coreia do Sul - atrás apenas da Lotte -, está a oferecer 114 assentos em dois dos chamados voos para lugar nenhum marcados para os dias 23 e 30 de maio e destinados a clientes que gastaram mais de 550 dólares nas suas lojas desde 3 de maio. A Lotte está a lançar outros cinco voos desse tipo este mês.

Operadoras duty free e outras lojas estão entre as últimas a recuperar da pandemia na Coreia do Sul, com os retalhistas a cortarem 182 mil postos de trabalho em abril, mesmo tendo a economia criado 652 mil empregos no ano anterior, de acordo com o gabinete estatístico do país.

O setor está menos pressionado onde o tráfego aéreo doméstico recuperou e as zonas de compras livres de impostos estão em vigor. A ilha chinesa de Hainan, cercada de palmeiras, tornou-se um refúgio ainda mais popular para os turistas do continente, agora famintos por viagens internacionais. Isso ajudou as vendas isentas de impostos da província, que mais do que duplicaram no ano passado, para 27,5 mil milhões de yuans (cerca de 4,3 mil milhões de dólares), de acordo com o Ministério do Comércio.

Compras duty free são permitidas para turistas domésticos em Hainan desde 2011. Em julho, o governo aumentou o limite de gastos para que as pessoas comprem mais e está a estender algumas compras duty free a Pequim, Xangai e outras cidades para aproveitar o crescente poder de compra na China.

Os preços das ações sugerem que os investidores estão otimistas. As ações da Dufry subiram mais de 100% desde o final de setembro, enquanto a Hotel Shilla está próxima de bater um máximo de quase 15 meses em Seul, subindo 13% este ano.

Com as taxas de vacinação a ficarem para trás em lugares como a Coreia do Sul - que aplicou vacinas suficientes para cobrir apenas 4% da população, segundo dados da Bloomberg - os retalhistas só poderão depender de truques como voos para lugar nenhum por um tempo.

"A contribuição desse voos é pequena, mas é melhor do que não ter nada", disse Sung Junewon, analista da Shinhan Investment em Seul. "Cada bocadinho conta."

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