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Frango, papel e telhas: a investigação universitária tem limites?

Os vencedores do programa Galp 20-20-20 andaram em fábricas, mergulharam em documentação e puxaram pela cabeça para encontrar soluções que baixassem a factura energética das empresas que conheceram. O resultado acaba de ser premiado.

21 de Março de 2012 às 19:02
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O que terão em comum as fábricas da Avibom, da Renova e da Margon? À partida, nada ligaria o processamento de frangos, a produção de papel higiénico e o fabrico de telhas, mas qualquer uma destas indústrias tem na factura energética uma parte importante da sua estrutura de custos.

Em comum, as três empresas têm o facto de nos últimos meses terem albergado bolseiros seleccionados pelo programa Galp 20-20-20, iniciativa através da qual a Galp tem proporcionado a dezenas de estudantes universitários a oportunidade de desenvolverem projectos de eficiência energética aplicados à economia real.

Samuel Jacinto, do Instituto Superior Técnico (IST), foi um dos vencedores dos prémios deste ano da Galp, arrecadando 6 mil euros pelo seu projecto de optimização de um sistema de frio na Avibom. Esta empresa do sector agro-alimentar tem um dos maiores centros de abate de aves e respectivo processamento.

As necessidades energéticas da empresa incluem GPL, gasóleo, biodiesel, fuelóleo, vapor e electricidade, sendo esta última a que mais pesa na factura da Avibom.
Após uma auditoria à empresa, Samuel Jacinto propôs a inclusão de cortinas de ar como medida de melhoria dos isolamentos, permitindo à Avibom poupanças de energia.

Tiago Oliveira, também do IST, estudou a aplicação numa das fábricas da Renova de novos instrumentos de accionamento eléctrico de velocidade variável. Segundo o estudante, a factura eléctrica da fábrica, que supera os 200 mil euros por ano, poderá ser reduzida entre 30 e 50 mil euros.

Já Pedro Jorge, bolseiro que desenvolveu a sua investigação na fábrica de telhas da Margon, em Porto de Mós, propôs uma solução para pré-aquecer o ar de combustão num dos fornos da empresa. “A possibilidade de redução do consumo de gás natural foi um dos factores que levaram a esta escolha”, explicou Pedro Jorge na apresentação do projecto durante a entrega dos prémios do programa Galp 20-20-20.

No caso da Margon, a solução proposta teria um custo de 9.883 euros e a poupança de energia foi avaliada em 8 a 42 mil euros por ano.

E quando a factura energética das empresas é elevada - na bracarense Navarra a factura é de 1,1 milhões de euros por ano e na ValpiBus os combustíveis são 35% dos custos da empresa, como notaram os bolseiros da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) - qualquer solução de eficiência, ponderado o investimento e respectivo período de retorno, já será uma ajuda relevante.

Uma fornada de estudantes para fidelizar clientes

O presidente da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, acredita que o programa de bolsas para estudantes universitários, integrando-os nas empresas, “é um mecanismo de fidelização dos clientes da Galp”.

“É um dever de uma empresa como a nossa empenhar-se numa estratégia que promova o uso eficiente dos recursos que vendemos”, sublinhou Ferreira de Oliveira.

O CEO da Galp considera que é melhor ajudar os clientes a comprar menos do que apenas procurar vender mais, porque se os custos dessas empresas não baixarem é a sua viabilidade que pode ficar em risco.

“Este programa vai no seu quarto ano e estamos satisfeitos com o seu progresso”, comentou Manuel Ferreira de Oliveira, notando que a qualidade dos trabalhos apresentados pelos universitários portugueses tem melhorado de ano para ano.

Nesta edição foram ainda premiadas investigações ligadas a um sistema de trigeração de energia, à melhoria da factura de combustível nos transportes, à qualidade do ar nos edifícios e à optimização energética. Os beneficiários dos projectos desenvolvidos pelos estudantes premiados foram a Universidade de Aveiro, a ERSUC, a Indasa, a Avibom, a Renova, a Margon, a TMG Automotive, a Navarra e a Valpi Bus.

Para distinguir as investigações, a Galp Energia distribuiu três prémios monetários por cada uma das universidades envolvidas (a Universidade de Aveiro, o IST e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto). O primeiro prémio vale 6 mil euros, o segundo 3 mil euros e o terceiro mil euros.

José Santos Vítor, professor do IST, incentivou os estudantes a “serem inquietos e empreendedores”. “Cada um de vós deve ser uma semente de mudança”, afirmou o docente.

Dos nove premiados, dois, formados na Universidade de Aveiro, não marcaram presença. Um problema de assiduidade? Não. Ambos estão já a trabalhar… fora de Portugal. Marco Passarelli encontrou trabalho em Inglaterra, na empresa Design Builder. Milton Grácio trabalha em Bruxelas para a Toyota.
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