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Famílias controlam 70 mil milhões do mercado mundial de bebidas alcoólicas

Vender bebidas alcoólicas pode não ser o caminho mais rápido para acumular uma fortuna, mas uma família pode ganhar bastante dinheiro se permanecer no ramo por muito tempo.

20 de Abril de 2019 às 17:00
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Um exemplo é a família Bacardi.

O entusiasmo mundial pelo rum da marca inunda os cofres da família desde 1862, enriquecendo centenas de membros do clã, agora espalhados por todo o planeta.

Todos os dias, são servidos em todo o mundo 6 milhões de copos de rum Bacardi com Coca-Cola, e a popularidade da combinação conhecida como Cuba Libre ajudou a Bacardi a vender 17 milhões de garrafas em 2017.

Quem prefere beber um Negroni - cocktail preparado com uma dose de Campari - enriquece outra família, os Garavoglia, de Itália. Quem bebe Cointreau recheia os bolsos dos Heriard Dubreuils, de França. Com o whisky não é diferente. A família Brown, do estado norte-americano do Kentucky, aumenta a sua fortuna à custa de quem bebe Jack Daniel’s. No Japão, o clã Saji e Torii é dono da Suntory, que faz o Jim Beam. A família Beckmann produz a José Cuervo, tequila mais vendida do mundo. E depois há os Ricard, a família francesa por detrás dos aperitivos da Pernod Ricard, assim como do whisky Jameson e da vodka Absolut.

Estas dinastias das bebidas — algumas com 1.300 anos de existência — mostram como as famílias conseguem manter-se firmes nesta indústria, embora muitas destas empresas tenham aberto o seu capital ao longo dos anos. Este grau de controlo, muito maior do que na maioria dos setores, revelou-se extremamente lucrativo. A soma das participações das sete famílias mais ricas do mundo no ramo das bebidas alcoólicas é de 70 mil milhões de dólares, segundo cálculos do Bloomberg Billionaires Index.



A natureza do negócio exige planeamento de longo prazo e isso funciona bem quando é uma família que está no comando, explicou Alexandre Ricard, presidente da Pernod Ricard e neto de Paul Ricard, que criou o pastis com o mesmo nome em 1932.

"Temos milhares de milhões de euros de inventário estratégico, com uma idade média de sete anos", afirmou o líder da empresa, que revelou este mês o seu mapa de sustentabilidade e responsabilidade — para 2030.

É um refrão comum. "Ter uma base acionista comprometida, empenhada e de longo prazo, ancorada pela família Brown, dá-nos uma vantagem estratégica importante, particularmente num negócio com produtos envelhecidos e marcas multigeracionais", disse Elizabeth Conway, porta-voz da Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s.

Mesmo com os cocktails e os destilados puros a ganharem popularidade entre os jovens, pode tornar-se mais difícil manter o controlo familiar nesta indústria.

A consolidação tem sido abundante e a capacidade de reinvestir e adquirir marcas atrativas é muito mais fácil se se tiver o tamanho da líder do setor, a Diageo, com uma receita anual de 12 mil milhões de dólares e marcas como Johnnie Walker e Smirnoff.

A história dos Bronfman, que fizeram fortuna a produzir whisky no Canadá quando era proibido vender bebidas alcoólicas, é um alerta. A empresa da família, a Seagram, conseguiu manter-se na liderança até à década de 1990, mas a decisão equivocada de entrar na indústria do entretenimento, tomada por Edgar Bronfman Jr., da terceira geração, levou ao desmembramento e à venda da companhia. A divisão das bebidas foi entre a Pernod Ricard e a Diageo em 2000.

Agora, a própria Pernod Ricard está a ser alvo da norte-americana Elliott Management Corp., que está a fazer pressão no sentido de um corte de custos e de uma reforma da governança corporativa. O envolvimento do hedge fund fez com que alguns analistas especulassem que a Pernod poderia ser alvo de uma oferta conjunta da Diageo e do bilionário Bernard Arnault, da LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton SE.

Isso não poderia estar mais longe da verdade, disse o CEO da Pernod Ricard.

"A Pernod Ricard é uma empresa independente e uma agente de consolidação do setor", disse, sublinhando o quão determinante tem sido para o crescimento da empresa e para o seu atual valor de mercado (48 mil milhões de dólares) a abordagem da família, focada no consumidor e no longo prazo.

Texto originalBooze Dynasties Control $70 Billion of World’s Liquor Wealth

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