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Falência chinesa ameaça despejar mercado temporário do Bolhão

No espaço em obras que vai albergar o mercado temporário do Bolhão existia uma loja promovida por capitais chineses que faliu e cuja liquidação foi suspensa pelo tribunal. Gestor de insolvência chumba nova ocupação.

O mercado temporário do Bolhão está a ser instalado no piso -1 do La Vie.
06 de Julho de 2017 às 19:59
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É grande a azáfama que se vive por estes dias no  piso -1 do centro comercial La Vie, situado a cerca de 200 metros do Mercado do Bolhão, no centro do Porto. É que as obras de adaptação do espaço escolhido pela autarquia para instalar a casa provisória dos comerciantes do velho mercado, iniciadas há cerca de três semanas, terão que estar prontas em meados do próximo mês.

Mas um imbróglio judicial que envolve este espaço no La Vie poderá vir a impedir a nova ocupação em curso. "Não se devia mexer nesse espaço. Tenho conhecimento não oficial dessa intervenção, que foi feita à revelia do administrador de insolvência e do tribunal", insurgiu-se Bruno Gonçalo Brandão, gestor judicial da AvailableDomain, empresa detentora da loja que existia nos cerca de cinco mil metros quadrados onde a autarquia quer instalar, por dois anos, os 68 vendedores com banca no interior do Bolhão.

Em declarações ao Negócios, Bruno Gonçalo Brandão contou que a insolvência da AvailableDomain, deliberada pelos credores em Fevereiro passado, foi suspensa devido ao "embargo deduzido por um credor – Tsung Hwei Lin, que reclama créditos de 7.500 euros", o que impede a liquidação dos activos.

"Enquanto não houver decisão do tribunal sobre esse embargo, nada se pode fazer na loja", considerou o administrador de insolvência, alertando o proprietário e o novo inquilino do espaço para o cenário de "o juiz decidir dar deferimento" ao mesmo: " Nesse caso, teria que saltar tudo [os comerciantes] de lá para fora", garantiu.

Contactada a proprietária do espaço, a Caixa Leasing e Factoring, fonte oficial do grupo Caixa referiu que esta teve acesso "à petição inicial dos referidos embargos", tendo concluído que "os mesmos não apresentavam qualquer fundamento válido, quer de facto, quer de direito". Admitindo, "por absurdo", que os embargos mereceriam procedência, o que implicaria a revogação da sentença que declarou a insolvência da AvailableDomain,  "nunca daí decorreria a obrigação de a Caixa devolver a loja à anterior lojista", afiançou a mesma fonte.

Porquê? Porque no seguimento da resolução do contrato com aquela empresa, "por incumprimento das [suas] obrigações", a Caixa "interpôs uma providência cautelar para entrega da loja", a qual foi "decretada pelo tribunal", que "ordenou a sua entrega à Caixa", assegurou ainda a fonte oficial do grupo financeiro estatal.

Já fonte oficial da autarquia argumentou que "a Câmara do Porto fez um contrato de aluguer do espaço com a Caixa", pelo que "esse problema, a colocar-se, terá que ser resolvido pela mesma". 

A Caixa ficou "a arder" com 930 mil euros dos 1,4 milhões de créditos  reclamados  na insolvência da AvailableDomain, empresa controlada por um grupo de empresários de origem chinesa, que explorava a loja – denominada Terminal – no La Vie, que funcionou durante pouco mais de um ano. O valor dos activos é residual – "50 a 100 mil euros em produto", revelou o administrador de insolvência.

Novo Bolhão vai custar 25 milhões

A aguardar obras de intervenção profunda prometidas há três década, o centenário Mercado do Bolhão, um dos edifícios mais emblemáticos da cidade do Porto, deverá surgir totalmente renovado dentro de pouco mais de dois anos. A decorrer está o concurso público internacional para requalificar o velho espaço, por um valor máximo de 25 milhões de euros, que foi lançado em Dezembro passado e determina que o vencedor terá 720 dias para concluir a obra, sendo que o critério de adjudicação será "o mais baixo preço". Uma parte das obras subterrâneas do mercado, orçadas em cerca de 800 mil euros, começaram em Agosto e terminaram há duas semanas. O custo total da operação de reabilitação do Bolhão, incluindo aquela empreitada, a adaptação do espaço do mercado temporário e "todo o processo de criação de imagem e promoção do mercado" está orçado em 27 milhões de euros. 

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