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Empresas que mudam de escritórios não vão para longe

Mudar de escritórios pode ser, para muitas empresas, um processo delicado, pela equação económica a fazer quanto à renda a pagar, porque os colaboradores já estão familiarizados com o local de trabalho ou por outras razões. Em Lisboa, mostra um estudo da Aguirre Newman, as empresas que mudam de instalações tendem a preferir a zona da cidade onde já estavam enquadradas.

22 de Abril de 2010 às 19:22
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Mudar de escritórios pode ser, para muitas empresas, um processo delicado, pela equação económica a fazer quanto à renda a pagar, porque os colaboradores já estão familiarizados com o local de trabalho ou por outras razões. Em Lisboa, mostra um estudo da Aguirre Newman, as empresas que mudam de instalações tendem a preferir a zona da cidade onde já estavam enquadradas.

No seu primeiro estudo sobre migração de empresas em Lisboa, a consultora imobiliária Aguirre Newman identificou uma tendência segundo a qual em boa parte dos novos contratos de arrendamento de escritórios da capital os inquilinos provêm não de fora, mas dessa mesma zona da cidade.

Num fenómeno que a mesma consultora descreve como "lealdade à origem", a conclusão é que em 28% das transacções do ano 2008 e em 30% dos contratos de 2009 os arrendatários vieram da mesma zona de Lisboa onde passaram a ter novas instalações.

No Parque das Nações, por exemplo, 56% dos contratos de arrendamento de escritórios firmados em 2009 envolveram empresas que antes já estavam instaladas no Parque das Nações.

Na zona mais central da capital, que inclui a Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal e Saldanha, a Aguirre Newman verificou que 43% das transacções de escritórios envolveram inquilinos que já moravam nessa mesma zona. Os restantes 57% incluíram empresas que vieram de outras cinco zonas de Lisboa, bem como novas empresas.

Na área denominada como "Corredor Oeste", que agrega os parques de escritórios ao longo da auto-estrada A5, entre Lisboa e Cascais, o fenómeno repete-se: 46% das transacções foram com empresas que já tinham, anteriormente, escritórios na mesma zona.

As dificuldades do Parque das Nações

Paulo Silva, administrador da Aguirre Newman, sublinha que "mais de um quarto das empresas que se deslocam em princípio ficam na zona onde estavam instaladas".

No meio dos números da migração de empresas em Lisboa fica a imagem de que o Parque das Nações está a enfrentar dificuldades crescentes para atrair empresas. Não só é uma zona da capital com um dos mais elevados índices de "lealdade à origem" (os referidos 56%), como também se destaca como a área da cidade com maior quebra de actividade do ano passado.

Em 2009 a área contratada de escritórios no Parque das Nações foi de 4.798 metros quadrados, valor que compara com 85.408 metros quadrados em 2008. O que se passa com a zona oriental de Lisboa?

A resposta começa pelos preços. A renda "prime" é de 17,5 euros mensais por metro quadrado, a segunda mais alta de Lisboa, numa zona onde o espaço livre é ainda abundante (a taxa de disponibilidade de escritórios é de 21,5%, a maior em toda a cidade).

"O mercado não está a reconhecer que o Parque das Nações justifique estes valores. Neste primeiro trimestre de 2010 só houve aí duas operações, que comparam com 22 no Corredor Oeste", explica Paulo Silva.

Lembrando que "há carência de espaços [de escritórios] no centro de Lisboa", o responsável da Aguirre Newman antevê para 2010 que "o factor preço vai continuar a pesar muito nas decisões das empresas".

O contexto, diz Paulo Silva, é de concessões crescentes por parte dos proprietários dos edifícios, nomeadamente pela carência de rendas nos primeiros meses de ocupação dos escritórios. Um factor que não actuará isoladamente nas escolhas de novos escritórios. E até que ponto a "lealdade à origem" valerá mais que uma carência de rendas? Uma questão para a qual não há uma resposta garantida.

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