Notícia
Empresário brasileiro negoceia privatização da TAP com banco estatal
Envolvimento do BNDES pode passar por uma participação directa no concurso à privatização da TAP ou pelo financiamento da operação.
David Neeleman, dono de uma companhia aérea brasileira, a Azul, e fundador da JetBlue, estará já em negociações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para avaliar qual será o envolvimento do banco estatal brasileiro na corrida à privatização da TAP.
A notícia é avançada pelo jornal brasileiro Valor Econômico e publicada no dia em que Dilma Rouseff está em visita oficial a Portugal.
O interesse de Neeleman na TAP não é novo, tendo o "Folha de São Paulo" avançado na semana passada que era o Governo brasileiro que estava interessado na entrada do dono da Azul na corrida à privatização da companhia aérea portuguesa.
Contudo, o Valor Econômico adianta esta segunda-feira, citando fontes do Governo brasileiro, que o empresário está em conversações com o BNDES sobre a necessidade de capital para a operação, colocando duas hipóteses em cima da mesa: pedir à instituição que entre como sua sócia na corrida à TAP, ou que o banco estatal entre com o financiamento da aquisição.
O governo brasileiro "gostaria que uma empresa brasileira se interessasse" pela privatização da companhia aérea portuguesa, devido à rede ampla de ligações com as principais cidades brasileiras, salienta o jornal brasileiro.
O Folha de São Paulo dava conta que era o Governo brasileiro que estava a pressionar Neeleman a avançar para a TAP, sendo que o empresário brasileiro não parecia muito interessado na operação. Na notícia desta segunda-feira o Valor Econômico contraria esta informação, citando fonte governamental a assegurar que "não está forçando a mão" para que alguém entre na operação.
A publicação brasileira cita o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que em Lisboa disse aos jornalistas brasileiros que se as empresas brasileiras quiserem participar das privatizações portuguesas "vamos examinar ajuda. Mas primeiro é preciso manifestação de interesse das empresas".
No ano passado, a privatização da companhia aérea portuguesa falhou. O único empresário a apresentar uma oferta vinculativa foi Germán Efromovich, presidente da Avianca. Na altura, a operação não avançou porque, segundo o Governo português, o empresário não apresentou todas as garantias bancárias necessárias para a operação seguir em frente.
No final da semana passada, o Negócios escreveu que o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho já recebeu várias manifestações formais de interesse na TAP, nomeadamente de fora da Europa.
Pensa-se que a próxima operação de privatização possa ser feita sem a inclusão de várias subsidiárias da TAP, como a parte Manutenção Brasil, que, devido à sua situação financeira, dificulta o interesse na companhia como um todo.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, está desde ontem em Portugal, sendo que a privatização da TAP será um dos temas dos encontros agendados para esta tarde com Passos Coelho e Cavaco Silva.