João Talone tem boas notícias para dar aos accionistas amanhã, quando apresentar os resultados de 2005. Os lucros do ano passado, o último do actual CEO da eléctrica, deverão ter ascendido a 910 milhões de euros, um valor que representa um recorde não só para a EDP, mas que será também o mais elevado de sempre registado por uma cotada portuguesa.

O actual máximo pertence ao BCP, quando o banco de Paulo Teixeira Pinto reportou resultados líquidos de 753,5 milhões de euros referentes ao ano de 2005.

Tal como o BCP, também a eléctrica beneficiou o ano passado de vendas de activos. A alienação de 14,27% do capital da Galp ao Grupo Amorim, por 720,5 milhões de euros, resultou numa mais-valia de 398 milhões de euros, o facto que mais contribuiu para a subida dos lucros da empresa no ano passado.

Segundo a média das previsões dos 7 analistas contactados pelo Jornal de Negócios, a EDP terá fechado 2005 com resultados líquidos de 910 milhões de euros, um valor que representa um crescimento de 127% face ao registado em 2004. As estimativas dos analistas variaram entre 750 e 1.009 milhões de euros, sendo que esta última previsão, do BPI, coloca mesmo a eléctrica com lucros anuais acima de mil milhões de euros.

O anterior melhor ano da EDP ocorreu em 2000, quando o presidente executivo da eléctrica era ainda Francisco Sanchez e os lucros totalizaram 549 milhões de euros. Talone assumiu a liderança da EDP em 2003 e "entrega" a empresa com lucros recorde a António Mexia, sobretudo devido à venda de uma posição na empresa onde este último foi presidente.

Mexia será nomeado CEO da EDP depois da assembleia geral marcada para 30 de Março. Sem contar com a venda da posição na Galp, os lucros da EDP terão ascendido a 430 milhões de euros, de acordo com as previsões de Pedro Morais, da Espírito Santo Research.

Brasil e Espanha ajudam

Os outros indicadores de resultados da EDP também terão apresentado evoluções positivas significativas, mostrando que nem só a mais-valia na Galp impulsionou os lucros. O EBITDA terá registado uma progressão de 36%, um crescimento que está em linha com as metas definidas pela empresa. O Banif, bem como outros casas,  não considerou a mais valia na Galp para o EBITDA, pois classificou este retorno como «não recorrente».

Os analistas explicam que a eléctrica também beneficiou com a provável anulação de uma provisão e pelo forte crescimento no Brasil.

«Esperamos que os resultados operacionais sejam impulsionados pelo forte crescimento no Brasil e um contributo estável do negócio de geração em Portugal», refere José Fernandez, do Exane BNP Paribas. A mesma fonte acredita que a eléctrica vai anular uma provisão de 150 milhões de euros devido ao défice tarifário em Espanha, uma vez que o Governo do país vizinho já anunciou que o vai reconhecer a 100%.

No Brasil já é conhecida a evolução do negócio da empresa. A Energias do Brasil, detida em 62,4% pela EDP, atingiu lucros de 439,4 milhões de reais em 2005, um valor mais de quatro vezes superior ao registado no ano anterior.

Dividendos sobem

Em relação aos dividendos, a EDP tem como objectivo um aumento anual de 7 a 8%. O ano passado a eléctrica pagou um dividendo bruto de 9,243 cêntimos por acção.

O analista Pedro Morais, da ESR, estima uma remuneração de 10,6 cêntimos e Alberto Gandolfi, do JP Morgan, está a contar com uma subida de 8%. Jorge Guimarães, do Banif, espera um dividendo de 10 cêntimos, aguardando que a EDP utilize a mais valia na Galp para cortar dívida.