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CR7 "descalça" fabricantes portugueses de sapatos

A CR7 Footwear, marca de sapatos de Cristiano Ronaldo, só tem à venda calçado da colecção do ano passado. Perdida a licença de concepção, produção e comercialização da insígnia, a Portugal Footwear está em PER.

Reuters
07 de Novembro de 2017 às 22:00
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No Verão de 2014, aquando da apresentação da marca de sapatos não desportivos CR7, Cristiano Ronaldo desfazia-se em elogios à indústria portuguesa de calçado, que "é hoje reconhecida como uma das melhores do mundo, graças à sua capacidade de criação, produção, design e moda". Razões que o levaram a escolher o "made in" Portugal para a sua insígnia CR7 Footwear.

A marca viria a ser mundialmente lançada em Fevereiro de 2015, na Micam, em Milão, naquela que é a maior e mais prestigiada feira de calçado do mundo. Ainda lá voltou no ano seguinte, mas já não participou nas duas edições deste ano do certame. Porque não tinha novidades, sendo que o site da Portugal Footwear tem apenas para venda sapatos da colecção Outono/Inverno de 2016.

"Os sapatos que estão aí à venda ainda  são da nossa produção", garantiu ao Negócios o CEO da PTFTR (Portugal Footwear), a empresa que detinha a licença de concepção, produção e comercialização da CR7 Footwear. "O contrato acabou no final do ano passado", lamentou Paulo Gonçalves.

Sem querer detalhar os motivos do fim da relação contratual com CR7, o empresário confirmou que a perda deste contrato colocou a Portugal Footwear numa situação económico-financeira bastante débil. "É verdade que apresentámos um Processo Especial de Revitalização (PER) para a reestruturação da empresa", confirmou, alegando que "as duas coisas estão ligadas", referindo-se à perda da licença de produção e comercialização da marca de sapatos do melhor futebolista do mundo.

Não há dúvida de que as duas coisas estão ligadas. Sem a licença [da CR7 Footwear], apresentámos um Processo Especial de Revitalização para redimensionarmos a empresa em função da nova realidade. paulo gonçalves
CEO da PTFTR (Portugal Footwear)

"Vamos ter de redimensionar a empresa em função da nova realidade", afirmou. Actualmente com pouco mais de duas dezenas de trabalhadores e uma capacidade produtiva da ordem dos 200 pares de sapatos por dia, a PTFTR encontra-se em fase final de negociações com os seus credores. "Não tenho dúvidas nenhumas de que o PER será aprovado", afiançou Paulo Gonçalves.

A dívida total atinge os 6,8 milhões de euros, a um total de 158 credores, sendo que mais de metade dos créditos reconhecidos são subordinados e relativos a avales, pelo que "o passivo efectivo ronda os 2,5 milhões de euros", garantiu o CEO desta empresa de Guimarães. A Segurança Social tem a haver mais de 247 mil euros e o Fisco cerca de 74.

Como a maioria dos créditos são de accionistas (membros da família Gonçalves), o papel do Novo Banco, que reclama um crédito de 875 mil euros, torna-se determinante para a viabilização da empresa. "O Novo Banco vai aprovar [o plano de recuperação]", garantiu o CEO. A família Gonçalves já foi dona de uma cadeia de sapatarias de luxo, a Egoísta, que faliu em 2010, tendo o próprio Paulo Gonçalves passado por uma situação de insolvência pessoal.

100% "made in" Portugal

Há um ano que não se ouvia falar da CR7 Footwear. Isto depois de uma  fortíssima campanha de comunicação aquando do lançamento da marca de calçado de Cristiano Ronaldo, há cerca de dois anos, valorizando-se o facto de serem integralmente produzidos em meia dúzia de fábricas portuguesas. Foi então garantido que os sapatos de CR7 estavam à venda em dezenas de países em vários continentes e que iriam abrir uma vasta rede de lojas monomarca. Fontes conhecedoras garantem que estamos perante um "flop" de vendas. O Negócios tentou contactar, sem sucesso, a Polaris Sports, agência do empresário Jorge Mendes que gere os direitos de imagem de CR7.

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