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Covilhã junta indústria e tecnologias para ganhar escala
Depois da mudança de cor política no executivo municipal, a nova liderança autárquica está a preparar o programa "via verde do empresário", que promete dar todas as respostas aos investidores em apenas uma semana.
Ana Maria Malta e Hugo Moreira criaram copos reutilizáveis e mais ecológicos.
Cumprida a etapa do "hardware" - leia-se, infra-estruturas para acolher start-ups em ambiente de incubação e empresas no parque de ciência e tecnologia -, a ParkUrbis decretou o início da fase "software", intensificando o apoio para que elas consigam crescer e desenvolver os seus negócios através, por exemplo, do "networking" na área empresarial e da ligação à Universidade da Beira Interior. Esta é uma das "readaptações" decididas pelas administrações da associação ParkUrbis e da ParkUrbis SA, que assumiram funções depois da mudança de cor política na Câmara nas autárquicas de Setembro. Outra prioridade política é a simplificação do relacionamento do município com as empresas.
"Neste momento, uma empresa que queira investir na Covilhã encontra um gabinete de apoio às empresas na Câmara, outro na ParkUrbis, se pretender um pavilhão industrial terá um outro interlocutor. Embora dêem resposta a necessidades distintas, é necessário agregar isto tudo para ganhar escala e poupar recursos, além de simplificar o trabalho ao investidor", referiu o administrador, Hélio Fazendeiro. Através dessa estrutura comum, será implementado o programa "via verde do empresário": numa semana, o empresário reúne com um responsável político, com os serviços autárquicos e saberá o que é necessário fazer para implementar o negócio.
Inaugurado em Setembro de 2005, o ParkUrbis foi criado para criar condições para o desenvolvimento de empresas e criação de empresas tecnológicas e de start-ups no concelho da Covilhã e na região da Beira Interior. Durante a conferência "Caixa Empreender", organizada pelo Negócios e pela CGD na Covilhã, o responsável da empresa municipal adiantou que, entre as várias formas de instalação (incubação virtual ou com espaço físico), estão actualmente ali instaladas um total de 60 empresas, que asseguram cerca de 400 postos de trabalho, com a "ambição de que venha a crescer".
Equipa forte pode valer mais do que a ideia
Já o foco da Beta-i está por inteiro nas empresas tecnológicas, que podem ser de vários sectores, da educação à energia ou tecnologias de informação. Criada há quatro anos por um conjunto de empreendedores que se juntaram "por sentir que realmente faltava uma instituição independente que ajudasse esta nova geração de empreendedores", Ricardo Marvão estimou que neste espaço de tempo já terão apoiado mais de 500 start-ups e analisado milhares de ideias. "No início começámos com aceleradores em fase de ideia, mas agora temo-nos vindo a focar em aceleradores numa fase em que as start-ups já têm ou protótipo ou um produto que esteja agora a entrar no mercado e tenham a necessidade de crescer ou de se internacionalizar", detalhou o co-fundador.
Esta estratégia começou a ser seguida com mais intensidade no ano passado, quando foi criado o programa de aceleração "Lisbon Challenge", que já vai para a terceira edição. No programa inaugural participaram 75 start-ups provenientes de 24 países diferentes. Metade dos participantes eram portugueses e muitos estrangeiros acabaram por criar a sua própria empresa em Portugal. E 40% das participantes conseguiram captar investimentos ao longo deste programa, num total aproximado de cinco milhões de euros, sendo "a maior parte investidas por investidores estrangeiros".
Questionado sobre o factor de sucesso que considera mais importante nesta segunda fase embrionária, Ricardo Marvão apontou "a equipa", sustentando que "não vale a pena apostar numa equipa que não está minimamente construída para ter base para crescer". "É muito mais importante que seja uma equipa forte com uma ideia mais ou menos do que uma ideia muito forte com uma equipa mais ou menos. Porque, na realidade, se uma ideia for mais ou menos pode-se trabalhar na ideia, arranjar outra ideia, e uma equipa forte é capaz disso. Se a equipa não é forte aquilo vai cair por terra, mais tarde ou mais cedo", concluiu.
Aceleração para crescer
Embora tenha sido a primeira capital de risco em Portugal, a actividade da Caixa Capital direccionada para o empreendedorismo e inovação surgiu há apenas cinco anos e tem apostado recentemente no apoio a programas de aceleração COHiTEC e BGI. "O nosso jogo começa a partir de investimento de um milhão de euros e, até chegar lá, a ideia deve passar por programas de aceleração e ter os investidores "business angels" para chegar depois a capitais de risco. A aceleração é crucial para ter bons projectos", apontou Ricardo Torgal.
Investir e não apoiar
Além disso, participar em programas de aceleração, que são "quase uma escola onde são desmistificados muitos temas", ajuda os empreendedores a perceber que o investimento que a Caixa Capital faz "nunca é de apoios" - aliás nem gosta de usar esse termo. São investidores, por isso será "um investimento sempre com retorno", explicou o responsável do banco público.
Especialização é chave
Torgal vê vantagens na especialização das capitais de risco, algo que se faz há décadas nos EUA ou Reino Unido. Os fundos não são generalistas, são especializados numa determinada indústria, têm uma sociedade tutora que muitas vezes é uma start-up com um conjunto próprio de competências e só investem nesse tipo de empresas. "E são esses os fundos que têm o maior sucesso do mundo", sustentou, dando para Portugal o exemplo da biotecnologia.