Notícia
Da falência e das "porraditas" a líder na tecnologia têxtil
A Fitecom nasceu no início dos anos 1990 pelas mãos de três trabalhadores de uma fábrica falida e aposta agora no continente americano para reduzir a dependência dos clientes europeus.
Artigos têxteis com acabamentos anti-odor e anti-bacterianos, um produto que é 30% mais quente no Inverno e 30% mais fresco no Verão ou tecidos de pura lã para clientes internacionais aplicarem em acessórios de moda. Estas são algumas inovações recentes que ajudaram a colocar na vanguarda tecnológica a Fitecom, que criou um departamento especializado com sete colaboradores permanentes e cumprir uma "aposta forte" na investigação. Líder europeia no produto 100% lã para casacos de Inverno de homem e senhora, em 2013 a empresa têxtil da Covilhã facturou nos mercados externos a quase totalidade (98%) dos 15 milhões de euros.
O início da actividade, porém, foi bem mais atribulado: em 1993, três quadros da José Esteves Fiadeiro, que "caiu em desgraça", decidiram comprar as instalações antiquadas e os equipamentos obsoletos em hasta pública e "limpar a casa". Começaram com matérias-primas de qualidade baixa e a apostar no mercado nacional - "sempre fui apologista que as bandeiras devem-se pôr à porta", disse o CEO João Carvalho -, mas rapidamente se aperceberam que assim não chegariam longe. E acabou por ser pelas exigências dos clientes estrangeiros que evoluíram para matérias-primas "mais nobres", nomeadamente para o 100% lá, e investiram na reconversão da área da tecelagem e montaram um laboratório de controlo de qualidade.
Na conferência, o gestor recordou algumas pedras que foram encontrando durante o percurso, como "uma série de falências lá fora", nomeadamente do seu maior cliente, que era inglês. "Na altura levámos uma 'porradita' de 250 mil euros e tivemos que reequacionar as coisas", atestou. No entanto, o caminho estava em frente: não diminuíram a produção e iniciaram a conquista de novos mercados. Actualmente, 80% das vendas ainda são destinadas ao mercado europeu, mas o esforço comercial e estratégico está focado do outro lado do Atlântico, tantos nos Estados Unidos, como no México e na América Latina, onde "aquilo que é europeu é visto como bom" e que João Carvalho acredita que poderá suportar nos próximos cinco anos um crescimento de 50% no negócio da Fitecom.