(actualiza com comentário de analistas do BPI e Horta e Costa)

A compra da TCO pela JV entre a Telefónica e PT deverá custar 662 milhões de euros à Brasilcel, com a operadora nacional a incorrer num custo de 331 milhões de euros, via TCP, que aumentará o capital em 409 milhões de euros, segundo os analistas.

A Portugal Telecom (PT) e a Telefónica lançaram ontem no Brasil, através da sua «joint venture» (JV) Brasilcel, uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de 1,4 mil milhões de reais (402,16 milhões de euros) sobre a Tele Centro Oeste (TCO), a sexta maior operadora daquele país.

A aquisição será realizada pela Telesp Celular Participações (TCP) e «tem como objectivo a aquisição do controlo de 100% da TCO, compreendendo três fases», segundo um comunicado da PT.

Segundo um responsável da PT em declarações ao Negocios.pt, «como a joint-venture é detida em 50% pela PT e pela Telefónica», os custos imputados à operadora nacional nesta operação «serão sempre a dividir por dois».

Desta forma, na primeira fase, a Brasilcel, através da TCP, «irá adquirir acções ordinárias representativas de 61,10% dos direitos de voto e de 20,37% do capital total da TCO», incorrendo num custo de 404 milhões de euros, já que se propôs a pagar 18,23 reais pelas acções da TCO, cotadas a 11 reais.

Seguidamente, a TCP «irá lançar uma OPA sobre as acções ordinárias da TCO ainda não detidas», e segundo os analistas, o preço pago nesta fase terá um desconto de 20% face aos 18,23 reais de referência. Ou seja, segundo os cálculos dos analistas de telecomunicações contactados pelo Negocios.pt, a PT e a Telefónica devem gastar cerca de 205 milhões de euros.

Numa terceira etapa, «a TCP irá integrar a TCO no seu grupo através de uma incorporação de acções segundo um rácio de troca de 1,27 acções da TCP por cada acção da TCO».

Segundo o rácio de troca, a «TCP deverá realizar um aumento de capital no montante de 409 milhões de euros», disse um analista, para integrar a TCO no grupo.

Em suma, o custo total para a TCP, nesta operação, ascenderá a 1,018 mil milhões de euros. À Brasilcel, que controla 65% da TCP, caberá um custo, via TCP, de 662 milhões de euros, e dado a participação de 50% da PT na JV, caberá à operadora nacional um encargo que rondará os 331 milhões de euros.

Após a incorporação da TCO, a participação directa e indirecta da JV na TCP deverá diluir-se para cerca de 51%.

Em declarações à TSF Miguel Horta e Costa afirmou que este investimento da PT manifesta a aposta da empresa na economia brasileira, referindo que vai ter uma audiência com Lula da Silva, o presidente da maior economia da América Latina.

«Parto este fim-de-semana para ter uma audiência com Lula da Silva no Brasil, numa manifestação de confiança de um dos maiores investidores (Grupo PT) no Brasil», afirmou à TSF o CEO da operadora.

BPI diz aquisição da Teleming também faz sentido

Numa análise a esta aquisição o BPI refere que este negócio faz sentido geograficamente, pois a TCO opera nas áreas contíguas à Brasilcel, adiantando que a aquisição da Teleming, outra operadora brasileira, «também faz sentido».

O banco de investimento acrescenta que, caso a JV adquira também a Teleming, a Brasilcel garante a cobertura de 90% do PIB brasileiro, contra os actuais 70%.

Para o BPI a Brasilcel vai passar a cobrir a quase totalidade do território brasileiro, estando melhor posicionada para concorrer como outros operadores, como a italiana TIM. «Esta é uma boa aquisição (TCO) no ponto de vista estratégico», acrescenta o BPI.

A mesma fonte acrescenta que «a avaliação da aquisição está em linha com a avaliação da JV e por isso consideramos um bom negócio».

As acções da PT subiam 0,23% para 7,23 euros, enquanto a Telefónica Móviles resvalava 0,4% a marcar 6,75 euros.

No Brasil, os títulos da TCP caíram ontem 5,73% para 4,44 reais (1,27 euros). As acções ordinárias da TCO, que valorizaram ontem um máximo 13,77%, fecharam em subida de 4,46% para 11 reais (3,16 euros). As preferenciais, que no Brasil são mais negociadas do que as ordinárias, deslizaram 1,92% para 5,12 reais (1,47 euros).

Por Pedro Carvalho e Ricardo Domingos