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CEO da Galp: "É triste pensarem que é nas margens que ganhamos dinheiro"
O CEO da Galp diz que os cálculos da ENSE sobre a margem de comercialização dos combustíveis "têm erros" e rejeita que a empresa "ganhe dinheiro" desta forma.
O CEO da Galp, Andy Brown, teceu hoje críticas à intenção, anunciada pelo Governo, de intervir nas margens de venda dos combustíveis.
Numa conferência para analistas, que se seguiu à apresentação dos resultados da empresa no primeiro semestre, Andy Brown considerou que "qualquer tipo de regulação é negativa" para a economia, e atacou ainda os cálculos da ENSE, que levaram o Governo a avançar para a proposta de lei. De acordo com a Entidade Nacional para o Setor Energético, durante a pandemia, a margem de comercialização da gasolina aumentou 36% face a 2019.
Depois, foi mais longe mas críticas. "Olhando para o relatório da ENSE, ficámos desapontados por haver muitos erros no cálculo das margens. Consideramos que 80% dos aumentos que referem resultam de erros de cálculo. Considerando os preços nos postos de combustível atualmente, 12% estão relacionados com os custos totais de distribuição. São 700 postos de combustível para gerir, 900 postos de trabalho diretos, 1.200 indiretos, que trabalham com os nossos parceiros. É um numero enorme de pessoas. O negócio comercial gerou apenas 7% do nosso EBITDA no segundo trimestre. E a refinação 1%. Portanto, 8% do total. Isso não foi referido em lado nenhum. E corresponde a 40% dos funcionários da Galp", referiu.
"Esta ideia de que é aqui que ganhamos dinheiro… É triste. Temos uma carga fiscal de 60%, uma das cinco mais elevadas da Europa. Acho que estamos a apontar ao sítio errado. Vamos assegurar que a nossa posição é ouvida pelo governo português", concluiu Andy Brown.
No último conselho de ministros, foi aprovada uma proposta de lei, a submeter à Assembleia da República, a partir da qual o Governo pretende criar uma ferramenta que permita fixar, por períodos de tempo de "um ou dois meses", as margens na venda de combustiveis e de botijas de gás, quando "comprovadamente" estas forem "inusitadamente altas".