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Carmona Rodrigues sucede a José Furtado à frente da Águas de Portugal

O Governo convidou Carmona Rodrigues para ocupar a presidência do Grupo Águas de Portugal, em substituição de José Furtado, que renunciou ao cargo. Transição da pasta deve ficar concluída até ao final do mês.

Mariline Alves
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O Governo já encontrou um substituto para José Furtado na presidência do Grupo Águas de Portugal (AdP): Carmona Rodrigues. Em comunicado, o Ministério do Ambiente, que tutela o grupo, indica ter convidado António Carmona Rodrigues para a presidência da AdP.

"Com um vasto currículo nas áreas de recursos hídricos, hidráulica e ambiente, o professor Carmona Rodrigues já desempenhou funções como ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa e como presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos", assinala a tutela.

Esta quinta-feira soube-se que a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, aceitou o pedido de renúncia apresentado por José Furtado, que deu nota que o gestor "invocou o desejo de abraçar novos desafios profissionais".

Em declarações por escrito ao Negócios, José Furtado adianta que “gostaria de concluir o processo [de saída] até ao final de maio”, manifestando-se “disponível para assegurar a transição num quadro de normalidade e de apoio ao novo presidente”.

A saída de José Furtado acontece numa altura em que a Águas de Portugal está no centro de mais uma polémica após ter distribuído dividendos referentes ao ano passado e agora ter pedido aos acionistas –Parpública e Caixa Geral de Depósitos – um aumento de capital de 100 milhões de euros.

A proposta acabou, no entanto, por não ser discutida na assembleia geral de acionistas que decorreu na quarta-feira. O gestor garante, no entanto, que “não há qualquer relação” entre esse processo (sendo que se opôs ao pagamento do dividendo extraordinário ao Estado) e a decisão de abandonar o cargo que assumiu em 2020.

"Procuro exercer as minhas funções com natural empenho e dedicação, independentemente dos ciclos políticos, não me perpetuando nos cargos que ocupo. Neste pressuposto, coloquei o meu lugar à disposição", assinalou.

José Furtado, de 64 anos, quadro da Caixa Geral de Depósitos, desempenhou, ao longo de 30 anos, de forma ininterrupta, cargos de administração, supervisão e fiscalização em diferentes agências públicas, grupos empresariais e instituições financeiras, mas mantém as cartas junto ao peito relativamente à próxima etapa da sua carreira: "Pronunciar-me-ei proximamente sobre os novos desafios".

"Profunda satisfação" e "melhores resultados de sempre"

Já em jeito de balanço da hora da saída da Águas de Portugal, José Furtado diz que é "com um sentimento de profunda satisfação" que conclui a sua missão, "por ver consolidada a reputação singular de que o Grupo desfruta de entre as instituições na esfera pública", congratula-se "em especial" pela "reformulação operada no modelo de governação, bem como com o compromisso gerado na concretização do rumo estratégico de reforço da coesão, robustez e impacto no território e na vida das pessoas".

E também sai agradado com os números alcançados: "Ao longo do período de quatro anos em que exerci o meu mandato, o Grupo Águas de Portugal alcançou os melhores resultados de sempre, tendo os lucros aumentado 23% para os 100 milhões de euros anuais e o EBITDA atingido os 380 milhões de euros anuais. Os meios gerados permitiram uma redução de 20% no endividamento, reforçando a solidez financeira", além de que "o volume anual de investimentos subiu 40% para 200 milhões de euros".

José Furtado realça ainda "a importância do grupo que, no horizonte de uma geração colocou o país no pelotão da frente a nível mundial na gestão do ciclo urbano da água" e que, a seu ver, "está hoje mais do que nunca capacitado para garantir aos portugueses um referencial de confiança, apto a dar resposta ao presente cenário de enormes exigências neste setor".

Fundado em 1993, o grupo AdP é constituído por 19 empresas, sendo 13 das quais entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais. O Estado controla a totalidade do capital através da Parpública, que detém uma participação de 81% e da Caixa Geral de Depósitos, que é titular dos restantes 19%.

(Notícia atualizada com mais declarações de José Furtado)
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