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Burel renasce em Manteigas para aquecer o mundo

Recuperaram a fábrica da Lanifícios Império, preservaram a história e fizeram disso negócio. As primeiras encomendas já chegaram e a Burel Factory até está a "vestir" o tablet PC da Microsoft.

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30 de Maio de 2013 às 00:01
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É um tecido de lã, rústico, tradicional e que serviu durante anos para aquecer os Invernos rigorosos da Serra da Estrela. Hoje, está nas paredes de alguns dos edifícios mais "fashion" de Portugal e até já serve de capa do "tablet PC" da Microsoft. O burel renasceu em Manteigas, para "aquecer" o mundo.

O burel é usado em mantas, casacos, típico do quotidiano serrano, e foi perdendo a sua relevância ao longo dos tempos, o que acabou por ser fatal para a fábrica da Lanifícios Império. O passivo elevado ditou o fim da empresa com sede em Manteigas, nas Penhas Douradas, mas Isabel Costa acreditou que esta não seria a sentença de morte do burel.

A fundadora da Burel Factory contou ao Negócios que era imperativo preservar "o património e as máquinas centenárias que ali estavam e que se iriam perder" se ninguém fizesse nada. Assim, a Burel Factory, que já alugava um espaço na fábrica dos Lanifícios Império, fez uma proposta ao administrador de insolvência para adquirir a matéria-prima e os equipamentos. "Poder recuperar o nosso património foi o que nos apaixonou", recordou Isabel Costa. A Burel Factory acolheu os 10 trabalhadores da Lanifícios Império e contratou mais quatro para a loja que acabou por abrir no Chiado, em Lisboa.

A Burel Factory quer colocar este tecido tipicamente português no mundo. "Estamos a dar os primeiros passos, mas a nossa paixão diz-nos que a empresa vai ser viável", acrescentou a responsável. Com um investimento inicial de 300 mil euros, a Burel Factory faz desde mantas, a mochilas, passando por revestimentos de paredes de restaurantes e edifícios de escritório, até chegar às capas para o "tablet PC" da Microsoft, o Surface. "Há um património de tecidos muito importante e queremos levá-lo a várias partes do mundo", diz Isabel Costa. Daí a participação em feiras no Reino Unido e no Japão ser fundamental.

A colecção para o Inverno de 2013/14 já está em produção e será a grande prova para confirmar o sucesso do negócio. "Já temos a primeira encomenda para o Surface, são 300 unidades para a Fnac, e estamos a receber encomendas para outros produtos para os EUA, Holanda e Bélgica", detalhou a responsável.

Para ajudar na promoção e no marketing da empresa, a Burel Factory candidatou-se a um incentivo comunitário de 200 mil euros, para garantir 100 mil euros. "Iria também ajudar a acabar as obras", contou Isabel Costa, que já tem os olhos postos no crescimento. "Neste momento estamos ajustados à capacidade, mas temos recebido muitas pessoas e currículos que querem trabalhar connosco. Este Inverno é o nosso primeiro teste", diz.

Em 2013, a Burel Factory espera fechar com uma facturação de 300 mil euros.

 
O momento

A Burel Factory recuperou as máquinas centenárias, criou um modelo de negócio e está à procura de novos mercados no estrangeiro. O acordo com a norte-americana Microsoft foi um ponto importante e que marca a internacionalização da empresa. Isabel Costa conta que o foco é a expansão para os mercados externos e a abertura na loja do Chiado está a ajudar nesse ponto de contacto. Actualmente, já 70% dos clientes da Burel são estrangeiros, que se mostram rendidos a este tecido tradicional.

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