Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Buraco financeiro da Afinsa atinge os 1.823 milhões euros

O buraco patrimonial da empresa filatélica Afinsa ascende a 1.823 milhões de euros, segundo o relatório da administração judicial da sociedade, alegadamente envolvida num caso de burla que afectou centenas de milhares de clientes em Portugal e Espanha.

12 de Abril de 2007 às 12:13
  • ...

O buraco patrimonial da empresa filatélica Afinsa ascende a 1.823 milhões de euros, segundo o relatório da administração judicial da sociedade, alegadamente envolvida num caso de burla que afectou centenas de milhares de clientes em Portugal e Espanha.

O relatório sobre a situação económica da empresa - encerrada por ordem judicial há quase um ano e cujos dirigentes são acusados de vários crimes financeiros - refere que a Afinsa tem activos de 613 milhões de euros e um passivo de 2.436 milhões de euros, noticia a agência Lusa.

A maioria desse passivo refere-se a contratos avaliados em cerca de 2.403 milhões de euros com mais de 190 mil clientes da entidade, outrora uma das mais conceituadas a nível mundial na compra e venda de filatelia.

A análise refere aliás que os 150 milhões de selos da Afinsa apenas valem 248 milhões de euros, ou cerca de 10,32 por cento das obrigações contraídas através dos contratos com os clientes.

Os administradores diferem do modelo contabilístico dos antigos administradores da empresa, cifrando o valor de activos em 613 milhões, aquém dos 2.588,5 milhões de euros.

Os administradores qualificam a situação patrimonial da Afinsa como "estática" e de "insuficiente para responder até a 50 por cento do passivo".

"Não é possível, mesmo hipoteticamente, que a empresa tenha viabilidade", explicam, notando que a actividade mercantil filatélica "hoje não poderia ser retomada, nem sequer reorientando-a".

Como principais activos da empresa, os administradores judiciais listam apenas as participações na empresa Oika Real Estate e no grupo norte-americano Escala.

Além disso, listam ainda os selos, obras de arte e outros investimentos financeiros.

No relatório, os administradores criticam a "falta de precisão técnica" dos contratos filatélicos que a Afinsa fez com os seus clientes.

Segundo referem, a Afinsa mantinha "um negócio diferente do que publicitava", usando termos como "investimento, poupança e rendimentos financeiros" e garantindo "uma devolução com rentabilidade certa" quando se tratava de compra e venda de selos.

Responsáveis da Afinsa têm rejeitado sucessivamente a análise da administração da empresa, referindo que as contas ignoram ou subvalorizam o valor real do principal património, os selos.

A Afinsa, fundada em 1980 pelo português Albertino Figueiredo, e a empresa Fórum Filatélico foram alvo de rusgas policiais em Março de 2006, conduzidas por ordem judicial e depois de investigações da Fazenda Pública.

As empresas filatélicas Afinsa e Fórum Filatélico estão actualmente sob administração judicial depois dos seus responsáveis serem acusados de burla, delitos contra a Fazenda Pública, branqueamento de capitais, insolvência punível, administração desleal e falsificação documental.

Em finais de Março os ex-presidentes da Afinsa e Fórum Filatélico ameaçaram interpor uma acção contra o Estado espanhol pelo que consideram ter sido a intervenção judicial "premeditada" e "danosa" às empresas.

O ex-presidente da Afinsa, Juan Antonio Cano Cuevas, e o ex-presidente do Fórum Filatélico, Francisco Briones, afirmaram na altura que as intervenções judiciais contra as duas empresas foram "premeditadas" e que nenhuma delas esteve alguma vez em situação de "insolvência", apesar da administração judicial lhes atribuir um buraco financeiro de 4.500 milhões de euros.

"Pouco a pouco vai-se demonstrando que é que tem razão", afirmara Briones.

Os dois responsáveis explicaram terem recebido mais de 20 relatórios de organismos como a Comissão Nacional Mercado de Valores (CNMV), o Banco de Espanha, a Direcção Geral de Seguros e o Ministério da Economia e Fazenda, que declaram que as operações das empresas eram "mercantis e não financeiras".

Assim, não faz sentido que as firmas tenham sido alvo de acções judiciais motivadas com base em "interpretações de uma inspectora" que considera que se trata de operações financeiras, referiram.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio