Notícia
BES: Salgado garantiu em 2015 que nunca foi avisado para consolidar contas na ESI
A defesa de Salgado apresentou requerimento antes da reprodução, defendendo a nulidade da situação, uma vez que o arguido não está em condições de saúde para fazer o contraditório, mas o tribunal rejeitou e determinou a reprodução.
16 de Outubro de 2024 às 19:33
O ex-banqueiro Ricardo Salgado assegurou no interrogatório perante o Ministério Público, em 2015, que nunca foi avisado para consolidar as contas da ESI, a holding que controlava a área financeira e não financeira do Grupo Espírito Santo (GES).
No segundo dia do julgamento do processo BES/GES, no Juízo Central Criminal de Lisboa, a tarde ficou marcada pela reprodução das declarações em interrogatório do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES).
A defesa de Salgado apresentou requerimento antes da reprodução, defendendo a nulidade da situação, uma vez que o arguido não está em condições de saúde para fazer o contraditório, mas o tribunal rejeitou e determinou a reprodução.
Todavia, além de longos períodos de espera em que no ficheiro áudio não se ouvia nada além do cumprimento dos formalismos do interrogatório de julho de 2015 perante o juiz de instrução Carlos Alexandre e a falta de qualidade do som, também a transcrição fornecida ao intérprete dos arguidos suíços Etienne Cadosch e Michel Creton não estaria completa, pelo que o tribunal ordenou a interrupção da reprodução desse interrogatório.
Na sequência dessa decisão, avançou-se então para a reprodução de um outro interrogatório feito dias antes do anterior, também em julho de 2015, mas nas instalações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), perante o procurador José Ranito, que liderou a investigação do processo BES/GES e é hoje procurador europeu de Portugal na Procuradoria Europeia.
Desta feita, e com as imagens desse interrogatório a serem reproduzidas em cinco televisões na sala de audiência, foi possível ver Ricardo Salgado recordar a reconstrução do GES após a nacionalização da banca em 1975 até chegar ao colapso em 2014, depois de se descobrir a situação de insolvência da ESI e a manipulação das respetivas contas a partir de 2009, segundo o Ministério Público.
"Nunca tínhamos tido problemas em relação às holdings. A gestão administrativa das holdings era feita à distancia, de tal maneira que assinávamos as atas, as contas eram depositadas no Luxemburgo e durante 40 anos nunca ninguém nos disse que devíamos consolidar as contas. Nunca houve das autoridades luxemburguesas um alerta para consolidar as contas, apesar de a Espírito Santo Financial Group estar dentro da ESI", disse, então, o ex-banqueiro.
O antigo presidente do BES sublinhou que o grupo "nunca teve dificuldade nenhuma em obter capitais, fossem de bancos, de empresas privadas, de grupos estrangeiros e de particulares" e destacou que os aumentos de capital tiveram sempre uma enorme procura. "Havia à partida e continuou a haver até ao desfecho final, ao colapso, um interesse evidente nos investimentos do GES", resumiu.
Ricardo Salgado abordou também a Eurofin, uma das três sociedades acusadas neste julgamento, para explicar como Etienne Cadosch construiu e desenvolveu a instituição, mas demarcou-se das atividades que a envolviam.
"Não quero parecer que me estou a escudar em não saber as coisas, mas quem tratava com a Eurofin era o Departamento Financeiro, Mecados e Estudos (DFME), ou seja, o Dr. Amílcar Morais Pires e a Dra. Isabel Almeida", referiu Salgado, ladeado no interrogatório pelos advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce.
A reprodução deste interrogatório não chegou a completar uma hora, sendo interrompida. A continuação da reprodução das declarações de Ricardo Salgado está prevista apenas para sexta-feira, uma vez que para quinta-feira está já calendarizada a audição do depoimento do antigo presidente do Conselho Superior do GES, comandante António Ricciardi, falecido em 2022, e a inquirição do filho e antigo presidente do BESI José Maria Ricciardi.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Segundo o MP, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
No segundo dia do julgamento do processo BES/GES, no Juízo Central Criminal de Lisboa, a tarde ficou marcada pela reprodução das declarações em interrogatório do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES).
Todavia, além de longos períodos de espera em que no ficheiro áudio não se ouvia nada além do cumprimento dos formalismos do interrogatório de julho de 2015 perante o juiz de instrução Carlos Alexandre e a falta de qualidade do som, também a transcrição fornecida ao intérprete dos arguidos suíços Etienne Cadosch e Michel Creton não estaria completa, pelo que o tribunal ordenou a interrupção da reprodução desse interrogatório.
Na sequência dessa decisão, avançou-se então para a reprodução de um outro interrogatório feito dias antes do anterior, também em julho de 2015, mas nas instalações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), perante o procurador José Ranito, que liderou a investigação do processo BES/GES e é hoje procurador europeu de Portugal na Procuradoria Europeia.
Desta feita, e com as imagens desse interrogatório a serem reproduzidas em cinco televisões na sala de audiência, foi possível ver Ricardo Salgado recordar a reconstrução do GES após a nacionalização da banca em 1975 até chegar ao colapso em 2014, depois de se descobrir a situação de insolvência da ESI e a manipulação das respetivas contas a partir de 2009, segundo o Ministério Público.
"Nunca tínhamos tido problemas em relação às holdings. A gestão administrativa das holdings era feita à distancia, de tal maneira que assinávamos as atas, as contas eram depositadas no Luxemburgo e durante 40 anos nunca ninguém nos disse que devíamos consolidar as contas. Nunca houve das autoridades luxemburguesas um alerta para consolidar as contas, apesar de a Espírito Santo Financial Group estar dentro da ESI", disse, então, o ex-banqueiro.
O antigo presidente do BES sublinhou que o grupo "nunca teve dificuldade nenhuma em obter capitais, fossem de bancos, de empresas privadas, de grupos estrangeiros e de particulares" e destacou que os aumentos de capital tiveram sempre uma enorme procura. "Havia à partida e continuou a haver até ao desfecho final, ao colapso, um interesse evidente nos investimentos do GES", resumiu.
Ricardo Salgado abordou também a Eurofin, uma das três sociedades acusadas neste julgamento, para explicar como Etienne Cadosch construiu e desenvolveu a instituição, mas demarcou-se das atividades que a envolviam.
"Não quero parecer que me estou a escudar em não saber as coisas, mas quem tratava com a Eurofin era o Departamento Financeiro, Mecados e Estudos (DFME), ou seja, o Dr. Amílcar Morais Pires e a Dra. Isabel Almeida", referiu Salgado, ladeado no interrogatório pelos advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce.
A reprodução deste interrogatório não chegou a completar uma hora, sendo interrompida. A continuação da reprodução das declarações de Ricardo Salgado está prevista apenas para sexta-feira, uma vez que para quinta-feira está já calendarizada a audição do depoimento do antigo presidente do Conselho Superior do GES, comandante António Ricciardi, falecido em 2022, e a inquirição do filho e antigo presidente do BESI José Maria Ricciardi.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Segundo o MP, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.