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BCP fechou grande corticeira por uns dias

Pouco mais de um ano depois de ter sido salva pelos credores, que perdoaram 60% de mais de 70 milhões de euros de créditos, a Álvaro Coelho & Irmãos e os seus 183 trabalhadores continuam na corda bamba.

16 de Julho de 2014 às 00:01
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A Álvaro Coelho & Irmãos (ACI), uma das maiores corticeiras portuguesas, esteve praticamente fechada nos primeiros dias deste mês de Julho. Munido de uma ordem judicial, o maior credor da empresa tomou conta das instalações industriais. Proprietário do edifício fabril, o BCP tinha perdido a paciência com o longo histórico de incumprimento da ACI relativamente ao contrato de locação financeira do imobilizado.

Enquanto tentava convencer o banco a recuar na decisão, a ACI transferiu temporariamente os seus trabalhadores da fábrica de Mozelos para a pequena unidade de Lamas (ambas situadas em Santa Maria da Feira). O BCP acabou por deixar a empresa retomar a laboração na fábrica-sede, cedendo à sua convicção de que estará para breve a entrada de um novo investidor na corticeira.

Este episódio, que foi confirmado ao Negócios pelo advogado da ACI, Gonçalo Gama Lobo, que não quis prestar mais declarações sobre a matéria, ocorreu pouco mais de um ano depois de a empresa ter sido salva no âmbito de dois Processos Especiais de Revitalização (PER), um para a sociedade que detém as operações na Feira, outra para a unidade de Ponte de Sôr.

Em ambos os casos, para um volume de créditos agregado que ultrapassava os 70 milhões de euros, os credores aprovaram planos de recuperação com um nível de perdão da ordem dos 60%. No caso da ACI I (Feira), o BCP é o maior credor (perdoou 60% de 13,9 milhões de euros), seguindo-se o BES (corte de 60% de seis milhões de euros).

Quanto ao PER da ACI II (Ponte de Sôr), os créditos totais iniciais ultrapassavam os 20 milhões de euros, metade dos quais estavam nas mãos da banca – o BES com seis milhões de euros e o BPI com 3,3 milhões, lideravam a lista de credores.

Além do perdão de dívida e do vantajoso plano de pagamentos da remanescente aprovado, ficou acordada a entrada praticamente imediata de um novo investidor, que iria injectar cinco milhões de euros na ACI. Até hoje.

 
Irmãos Coelho

A  Álvaro Coelho & Irmãos foi fundada em 1996 por três irmãos, profissionais da indústria da cortiça, que trabalharam muito anos na líder mundial Corticeira Amorim. Facturavam 50 milhões de euros à entrada desta década. Com uma dívida maior do que as vendas, apresentaram um PER. O plano de recuperação foi aprovado, mas tudo pode voltar à estaca zero.

 

Duas fábricas na Feira, uma em Sôr

O grupo Álvaro Coelho & Filhos, fundado em 1996 e com sede em Santa Maria da Feira, tem duas fábricas neste concelho (capital mundial da cortiça), onde emprega 153 pessoas (115 em Mozelos e 38 em Lamas), e outra em Ponte de Sôr, que foi constituída em 2002 e que labora com 30 trabalhadores.

 

Num PER com dívidas de 70 milhões

Afogada em dívidas, a empresa acabou por apresentar um Processo Especial de Revitalização (PER). Em Fevereiro do ano passado, foi aprovado um plano de recuperação que contemplou o perdão de cerca de 60% de um total de créditos que ultrapassava os 70 milhões de euros. O BCP e o BES são os maiores credores.

 

Investidor com cinco milhões sem sinal

O plano de recuperação da empresa aprovado determinava que "a reestruturação financeira terá que passar pela injecção de capital fresco", da ordem dos cinco milhões de euros, que iria surgir com a entrada de um novo investidor já firmado. Ano e meio depois, nem sinal. E o BCP parece ter perdido a paciência. 

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