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Bancos suíços implicados em esquema de fuga de divisas do Brasil
Mais de 20 executivos foram presos no Brasil, no âmbito de uma operação da Polícia Federal que está a investigar o envio ilegal de divisas para a Suiça. Alguns dos detidos trabalham para instituições financeiras como a UBS e a AIG, acusadas de cumplicidad
Mais de 20 executivos foram presos no Brasil, no âmbito de uma operação da Polícia Federal que está a investigar o envio ilegal de divisas para a Suiça. Alguns dos detidos trabalham para instituições financeiras como a UBS e a AIG, acusadas de cumplicidade. De acordo com a Reuters, uma fonte próxima da investigação confirma que um dos executivos detidos é um gestor da UBS sedeado na Suíça. O banco confirma a prisão do seu executivo. "Estamos em contacto com as autoridades brasileiras", afirmou Douglas Morris, porta-voz da UBS, à Reuters.
Os executivos presos são acusados de intermediar o envio de recursos ilegais para a Suíça, através de um esquema conhecido por dólar-cabo.
De acordo com declarações das autoridades federais à imprensa, as empresas brasileiras faziam depósitos de reais em contas de intermediários apelidados de "doleiros". A partir das suas contas no exterior, esses indivíduos retiravam depois a respectiva verba, reencaminhando-a para uma instituição financeira envolvida na fraude.
"Era o doleiro que abria uma conta numerada no banco no estrangeiro, para dificultar a identificação do titular. Esse dinheiro às vezes permanecia na instituição financeira e, em outras ocasiões, era usado para comprar mercadorias na China e nos Estados Unidos. Esses produtos entravam no país subfaturados com notas fiscais falsas de valor inferior ao que realmente eles custavam. A empresa brasileira pagava por fora o valor restante", detalharam as autoridades em declarações à imprensa brasileira.
"Seis dos presos são doleiros e três são funcionários de bancos estrangeiros, dos quais, dois suíços. Um deles era gerente de um banco suíço que estava no Brasil a visitar clientes". De acordo com o Globo online, os restantes detidos são proprietários e executivos de empresas brasileiras de diversos sectores de actividade.
"Os suspeitos deverão responder pelos crimes de fuga de divisas, lavagem de dinheiro, evasão fiscal, gestão fraudulenta e funcionamento de instituição financeira sem autorização do Banco Central. As penas máximas atingem 40 anos de prisão, segundo a Polícia Federal".
As autoridades estimam que o envio de divisas para fora do país, somado à sub-facturação das mercadorias que posteriormente entravam no Brasil, representa já uma fuga fiscal no valor de 1 bilião de reais (cerca de 394 milhões de euros).
"De acordo com a PF, só em remessas ilegais de dinheiro para o exterior, o esquema movimentava de R$ 6 milhões (cerca de 2,4 milhões de euros) a R$ 7 milhões por mês (2,8 milhões de euros), nos últimos seis meses", afirma o Globo online.
A operação, intitulada Kaspar II, foi deflagrada ontem. A par dos detidos, as autoridades apreenderam também mais de três milhões de euros, em moeda brasileira e em dólares.
"Essa é a terceira operação da PF, em menos de dois anos, que apura remessa ilegal de dinheiro para o exterior. As outras duas ações foram chamadas de Operação Suíça e Kaspar I", recorda o Globo.