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Bancos já andam a promover os CTT nos mercados estrangeiros

Assessores encarregues de mostrar a empresa. Não há intenção de lançar um "roadshow" com a participação do Governo.

Tiago Sousa Dias/Correio da Manhã
31 de Outubro de 2013 às 00:02
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A promoção dos CTT em mercados estrangeiros, nas vésperas do lançamento da privatização em bolsa da empresa, está a cargo dos bancos que estão a prestar assessoria ao processo, segundo soube o Negócios.

 

Ao contrário do que aconteceu em outras sociedades, não há nenhum "roadshow" previsto com membros do Governo ou da Parpública para mostrar a empresa no estrangeiro, tendo ficado este trabalho a cargo dos bancos. A Parpública conta com a assessoria do JP Morgan e do Caixa BI neste processo. A escolha do banco americano, um dos visados na contratação de "swaps" foi algo polémica e o Governo ainda não divulgou quanto é que estava a pagar a estas entidades.

Apesar da responsabilidade atribuída aos bancos, o ministro da Economia, Pires de Lima, tem levado o assunto nas suas viagens oficiais, sendo que recentemente, em Londres, disse que tentará "retirar lições" da experiência britânica para a privatização dos CTT através da bolsa.

"Estou muito interessado em perceber como é que estes modelos funcionaram no Reino Unido recentemente para poder retirar lições e corrigir alguns aspectos, se necessário, em Portugal", explicou o governante.

"É evidente que nas nossas análises não foi um factor despiciendo a boa evolução de empresas similares, no Reino Unido e na Bélgica, em processos de bolsa", admitiu nessa altura o ministro.

Os processos de privatização destas sociedades acabam por ser um modelo para os Correios, ainda que haja muitas questões a definir, nomeadamente a venda dos 30% que estão ainda nas mãos do Estado, circunstância que pode afastar investidores que queiram controlar os Correios sem interferência do Estado.

A gestão será também uma decisão importante dos futuros accionistas. Enquanto o Estado se mantiver na empresa há condições para que o actual conselho de administração fique nos lugares que agora ocupa.

O processo de dispersão em bolsa poderá atrair fundos de pensões, com maior apetência por investir neste sector. A expectativa é também que haja procura do público na OPV (Oferta Pública de Venda) da empresa, aproveitando que os Correios têm uma maior proximidade junto das populações. No processo de venda directa havia vários operadores na corrida, mas dificilmente serão os mesmos a querer comprar acções dos CTT.

Por definir está a questão da licença bancária, que pode não estar concedida a tempo da venda. O Banco de Portugal ainda não deu luz verde para a criação do Banco Postal, sendo que o prazo para aprovar a licença é de seis meses. Os CTT avançaram com o pedido em Agosto, mas o regulador bancário pode pedir esclarecimentos sobre o processo e, com isso, acabar por suspender o prazo, prolongando o período para tomar posição.

A licença é há vários anos apontada como sendo importante para atrair interesse na privatização dos CTT, mas a situação da banca em Portugal e no mundo retirou alguma urgência ao pedido. A atribuição da licença não garante, no entanto, que seja criado o Banco Postal.

 
Perguntas e respostas

A operação dos CTT será lançada em bolsa no início de Dezembro e será aberta ao público em geral.

 

Como é que vai ser lançada a operação?

A privatização deverá ser lançada no início de Dezembro, sobre 70% do capital dos CTT, a tranche que o Governo escolheu para ser alienada. A venda decorrerá através de uma OPV (Oferta Pública de Venda) e de uma venda a investidores institucionais. Há 5% que serão reservados aos trabalhadores.

 

Quem é que pode comprar acções dos CTT?

Em teoria qualquer pessoa pode acorrer à OPV da empresa, que será aberta ao público em geral. Não é certo ainda que parte dos 70% será colocada desta forma, sendo que tudo dependerá da procura. Haverá ainda uma tranche para investidores institucionais que será vendida pelos bancos.

 

O Estado vai manter a sua posição?

0s 30% que não foram colocados à venda ficam para já nas mãos do Estado, mas o objectivo é alienar também essa participação. Ainda não há data precisa para isso, com o Estado à espera do resultado da venda dos 70%.

 

Quais as vantagens de colocar os CTT  em bolsa?

Entre as vantagens apontadas pelo Governo estão a possibilidade de maximizar o encaixe e de dinamizar o mercado de capitais. Alguns operadores explicaram ao Negócios as vantagens da operação. "A ida de qualquer empresa para a bolsa tem como grande objectivo o seu financiamento através do mercado de capitais, que são mais líquidos e dão mais visibilidade, até no caso de precisar de se financiar através de dívida", comentou Rui Bárbara, gestor de activos do Banco Carregosa. Steven Santos, gestor da XTB Portugal considera que "com um 'free float' de 70%, haverá ganhos evidentes na atracção de investidores institucionais".

 

Qual o preço?

O valor a que serão colocadas as acções dos CTT será definido ainda pelas Finanças. O preço de referência para a empresa ronda os 600 milhões de euros, mas o Estado quer tentar maximizar o valor que irá encaixar.

 

As acções terão um período de indisponibilidade?

A obrigatoriedade de manter acções por um período de tempo só se aplicava ao modelo de venda directa dos CTT, que esteve em cima da mesa durante vários meses.

 

Os bancos irão ganhar quanto?

A venda pode render aos bancos entre oito e 15 milhões de euros em comissões, tendo em conta os valores médios cobrados pela banca de investimento e as operações de venda do Royal Mail e BPost. AN/AV/DC

 

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