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Até 20% das pequenas empresas de panificação podem fechar
O conflito na Ucrânia e a subida de preços poderá levar ao encerramento de até 20% das pequenas empresas da panificação e pastelaria, setor que reclama a isenção do IVA do pão, adiantou à Lusa a ANCIPA.
28 de Março de 2022 às 17:37
"A pequena indústria está a passar grandes dificuldades. Pela informação que tenho das associações, cerca de 15 a 20% das pequenas empresas em Portugal podem fechar", afirmou, em declarações à Lusa, o vice-presidente da Associação Nacional dos Comerciantes Industriais de Produtos Alimentares (ANCIPA), Mário Gonçalves.
Segundo este responsável, este cenário é desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que fez disparar os preços dos cereais e os custos energéticos.
Mário Gonçalves disse ainda que as associações de moagens pediram ao Governo para que apoiasse a compra de uma "fatia grande de trigo", de modo a que Portugal ficasse como uma reserva para consumo humano. No entanto, tal não foi possível.
O setor está agora a negociar com o executivo a criação de uma linha de financiamento ou de outro apoio, que permita antecipar a compra.
"As moagens estão a tentar antecipar a compra de barcos de trigo para criarem um 'stock' e evitarem uma rutura no fornecimento de farinha em Portugal. É um esforço financeiro muito grande [...]. Geralmente, a moagem comprava um barco de trigo e, neste momento, está a pensar comprar dois dou três para ter uma reserva. São muitos milhares de euros", apontou.
O setor da panificação reclama também a isenção do pagamento do IVA do pão até ao final do ano.
Porém, o vice-presidente da ANCIPA não acredita que tal venha a acontecer, "não só pelas orientações de Bruxelas", mas também pela falta de disponibilidade financeira do Governo.
"Saímos de uma situação de covid e em janeiro ou fevereiro esperávamos a retoma, mas aparece a guerra e não temos uma previsão [para o seu fim]", concluiu.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.119 civis, incluindo 139 crianças, e feriu 1.790, entre os quais 200 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.