Notícia
Associação da Cortiça expressa "profunda preocupação" com abate de sobreiros pela EDP
A APCOR diz que os "danos de curto prazo serão difíceis de compensar".
"A decisão de autorizar o abate de 1.821 sobreiros causa grande apreensão entre os agentes da fileira, devido ao impacto direto e indireto que terá sobre o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, mas sobretudo porque os danos de curto prazo serão difíceis de compensar visto serem árvores adultas", pode ler-se num comunicado divulgado esta terça-feira.
A associação garante que tem vindo a alertar o Governo para este problema, pedindo "que sejam avaliados possíveis equilíbrios ou alternativas entre a construção da infraestrutura e a preservação destes povoamentos de sobreiros, podendo desta forma reverter a decisão ora tomada".
O comunicado cita ainda o secretário-geral da APCOR, João Rui Ferreira, que lembra o "objetivo nacional assumido" de preservar o sobreiro como símbolo nacional, dado que tal se alinha "com a estratégia nacional de neutralidade carbónica, conservação da biodiversidade, preservação de espécies autóctones, combate à desertificação". São razões, diz, "para a surpresa e preocupação desta tomada de decisão".
A APCOR recorda que, em 2022, Portugal reforçou a posição de liderança mundial na transformação e exportação de produtos em cortiça, "atingindo valores históricos de exportação para mais de 100 países, num valor total que ultrapassa os 1.200 milhões de euros". No primeiro semestre deste ano foi ultrapassado "um novo recorde do valor das exportações".
O Governo justificou a autorização do abate com a "imprescindível utilidade pública do Parque Eólico de Morgavel e da linha elétrica a 400 kV de interligação à subestação de Sines".
Após críticas, a EDP Renováveis informou que o plano de compensação pelo abate de sobreiros do parque eólico de Morgavel prevê a plantação de cerca de 42.000 árvores e arbustos, das quais 30.000 sobreiros.